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Santos Marcelino e Pedro
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Santo Erasmo
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Esta página da história da Igreja foi-nos confirmada pelo
próprio papa Dâmaso, que na época era um adolescente e testemunhou os
acontecimentos. Foi assim que tudo passou. Na Roma dos tempos terríveis e
sangrentos do imperador Diocleciano, padre Marcelino era um dos sacerdotes mais
respeitados entre o clero romano. Por meio dele e de Pedro, outro sacerdote,
exorcista, muitas conversões ocorreram na capital do império. Como os dois se
tornaram conhecidos por todos daquela comunidade, inclusive pelos pagãos, não
demorou a serem denunciados como cristãos. Isso porque os mais visados eram os
líderes da nova religião e os que se destacavam como exemplo entre a população.
Intimados, Marcelino e Pedro foram presos para julgamento. No cárcere,
conheceram Artêmio, o diretor da prisão. Alguns dias depois notaram que Artêmio
andava triste. Conversaram com ele e o miliciano contou que sua filha Paulinha
estava à beira da morte, atacada por convulsões e contorções espantosas,
motivadas por um mal misterioso que os médicos não descobriam a causa. Para os
dois, aquilo indicava uma possessão demoníaca. Falaram sobre o cristianismo,
Deus e o demônio e sobre a libertação dos males pela fé em Jesus Cristo. Mas
Artêmino não lhes deu crédito. Até que naquela noite presenciou um milagre que
mudou seu destino. Segundo consta, um anjo libertou Pedro das correntes e
ferros e o conduziu à casa de Artêmio. O miliciano, perplexo, apresentou-o à
sua esposa, Cândida. Pedro, então, disse ao casal que a cura da filha Paulinha
dependeria de suas sinceras conversões. Começou a pregar a Palavra de Cristo e
pouco depois os dois se converteram. Paulinha se curou e se converteu também.
Dias depois, Artêmio libertou Marcelino e Pedro, provocando a ira de seus
superiores. Os dois foram recapturados e condenados à decapitação. Entrementes,
Artêmio, Cândida e Paulinha foram escondidos pelos cristãos, mas eles passaram
a evangelizar publicamente, conseguindo muitas conversões. Assim, logo foram
localizados e imediatamente executados. Artêmio morreu decapitado, enquanto
Cândida e Paulinha foram colocadas vivas dentro de uma vala que foi sendo
coberta por pedras até morrerem sufocadas. Quanto aos santos, o prefeito de Roma
ordenou que fossem também decapitados, porém fora da cidade, para que não
houvesse comoção popular. Foram levados para um bosque isolado onde lhes
cortaram as cabeças. Era o dia 2 de junho de 304. Os seus corpos ficaram
escondidos numa gruta límpida por muito tempo. Depois foram encontrados por uma
rica e pia senhora, de nome Lucila, que desejava dar uma digna e cristã
sepultura aos santos de sua devoção. O culto dedicado a eles se espalhou no
mundo católico até que o imperador Constantino mandou construir sobre essas
sepulturas uma igreja. Outros séculos se passaram e, em 1751, no lugar da
igreja foi erguida a belíssima basílica de São Marcelino e São Pedro, para
conservar a memória dos dois santos mártires, a qual existe até hoje.
Santo Erasmo
A tradição cristã descreveu a vida de Erasmo com passagens
surpreendentes. Ele pertencia ao clero da Antioquia. Foi forçado, durante a
perseguição do imperador Diocleciano, a esconder-se numa caverna no Monte
Líbano durante sete anos. Capturado e longamente torturado, foi levado para ser
julgado pelo imperador, que tentou de todas as formas fazer com que renegasse a
fé em Cristo. Porém Erasmo manteve-se firme e por isso novamente voltou para a
prisão. De lá foi milagrosamente libertado por um anjo que o levou para a
Dalmácia, onde fez milhares de conversões durante mais sete anos. Na época do
imperador Maximiano, novamente foi preso e no tribunal, além de destruir um
ídolo falso, declarou sua incontestável religião cristã. Tal atitude de Erasmo
fez milhares de pagãos converterem-se, as quais depois foram mortas pela
perseguição desse enfurecido imperador. Outra vez teria sido horrivelmente
torturado e também libertado, agora pelo arcanjo Miguel, que o conduziu para a
costa do sul da Itália. Ali se tornou o bispo de Fornia, mas por um breve
período. Morreu pouco depois devido às feridas de seus dois suplícios, por este
motivo recebeu o título de mártir. As muitas tradições descreveram algumas
particularidades sobre as crueldades impostas nas suas torturas. Dizem que seu
ventre foi cortado e aos poucos os seus intestinos foram retirados. Devido a
esse suplício, santo Erasmo tornou-se, para os fiéis, o protetor das
enfermidades do ventre, dos intestinos e das dores do parto. Os marinheiros
ainda hoje são muito devotos de santo Erasmo, ou são Elmo, como também o
chamam. Desde a Idade Média eles o tomaram como seu padroeiro, invocado-o
especialmente durante as adversidades no mar. As fontes históricas da Igreja
também comprovam a existência de Erasmo como mártir e bispo de Fornia, Itália.
Dentre elas estão o Martirológio Gerominiano, que indicou o dia 2 de junho para
sua veneração e a inscrição do seu nome entre os mártires no calendário
marmóreo de Nápoles. O papa são Gregório Magno, no fim do século VI, escrevendo
ao bispo Bacauda, de Fornia, atestou que o corpo de santo Erasmo estava
sepultado na igreja daquela diocese. No ano 842, depois de Fornia ser destruída
pelos árabes muçulmanos, as suas relíquias foram transferidas para a cidade de
Gaeta e escondidas num dos pilares da igreja, de onde foram retiradas em 917. A
partir de então, santo Erasmo foi declarado padroeiro de Gaeta, e em sua
homenagem foram cunhadas moedas com a sua esfinge. Após a recente revisão do
calendário litúrgico, a Igreja manteve a festa deste santo no dia em que sempre
foi tradicionalmente celebrado.
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