![]() |
São João de Deus |
São João de
Deus
João Cidade Duarte nasceu no dia 08 de março de 1495 em
Montemor-o-novo, perto de Évora, Portugal. Seu pai era vendedor de frutas na
rua. Da sua infância sabemos apenas que, João, aos oito ou fugiu ou foi raptado
por um viajante, que se hospedou em sua casa. Depois de vinte dias, sua mãe não
resistiu e morreu. O pai acabou seus dias no convento dos franciscanos, que o
acolheram. Enquanto isso, João foi à pé para a Espanha rumo à cidade de Madrid,
junto com mendigos e saltimbancos. Nos arredores de Toledo, o viajante o deixou
aos cuidados de um bom homem, Francisco Majoral, administrador dos rebanhos do
Conde de Oropesa, conhecido por sua caridade. Foi nessa época que ganhou o
apelido de João de Deus, porque ninguém sabia direito quem era ou de onde
vinha. Por seis anos Francisco o educou como um filho, ao lado de sua pequenina
filha. Dos catorze anos até os vinte e oito João trabalhou e viveu como um
pastor. E quando Francisco decidiu casa-lo com sua filha, de novo ele fugiu,
começando sua vida errante. Alistou-se como soldado de Carlos V e participou da
batalha de Paiva, contra Francisco I. Vitorioso, abandonou os campos de batalha
e ganhou o mundo. Viajou por toda a Europa, foi para a África, trabalhou como
vendedor ambulante em Gibraltar. Então, qual filho pródigo, voltou à sua cidade
natal, onde ninguém o reconheceu, pois os pais já tinham falecido; novamente
rumou à Espanha, onde abriu uma livraria em Granada. Nessa cidade, em 1538,
depois de ter ouvido um inflamado sermão proferido por João d'Ávila, que a
Igreja também canonizou, arrependido dos seus pecados e tocado pela graça, saiu
correndo da igreja, e gritou: "misericórdia, Senhor, misericórdia".
Todos riram dele, mas João de Deus não se importou. Distribuiu todos os seus
bens aos pobres e começou a fazer rigorosas penitências. Tomado por louco foi
internado num hospital psiquiátrico, onde foi tratado desumanamente. Depois de
ter experimentado todas as crueldades que aí se praticavam e orientado por João
d'Ávila decidiu fundar uma casa-hospitalar, para tratar os loucos. Criou assim
uma nova Ordem religiosa, a dos Irmãos Hospitaleiros. Ao todo foram mais de
oitenta casas-hospitalares fundadas, para abrigar loucos e doentes terminais.
Para cuidar deles, usava um processo todo seu, sendo considerado o precursor do
método psicanalítico e psicossomático, inventado quatro séculos depois por
Freud e seus discípulos. João de Deus, que nunca se formou em medicina, curava
os doentes mentais utilizando a fé e sua própria experiência. Partia do
princípio de que curando a alma, meio caminho havia sido trilhado para curar o
corpo. Ele sentia a dualidade da situação do doente, por te-la vivenciado dessa
maneira. João de Deus sentia-se pertencer ao mundo dos loucos e ao mundo dos
pecadores e indignos e, por isso, se motivou a trabalhar na dignificação,
reabilitação e inserção de ambas as categorias. Um modelo de empatia e
convicções profundas tão em falta, que várias instituições seguiram sua
orientação nesse sentido, tempos depois e ainda hoje. Depois, João de Deus e
seus discípulos passaram a atender todos os tipos de enfermos. Seu mote era:
"fazei o bem, irmãos, para o bem de vós mesmos". Ele morreu no mesmo
dia em que nasceu, aos cinqüenta e cinco anos, no dia 8 de março de 1550. Foi
canonizado pelo Papa Leão XIII que o proclamou padroeiro dos hospitais, dos
doentes e de todos aqueles que trabalham pela cura dos enfermos. Hoje a Ordem
Hospitaleira São João de Deus, é um instituto religioso, internacional, com sede
em Roma, composto de homens que por amor a Deus se consagram à hospitalidade
misericordiosa para com os doentes e necessitados em quarenta e cinco países
dos cinco continentes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário