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SANTA JÚLIA |
SANTA JÚLIA
A vida de Júlia passou do paraíso ao inferno de forma rápida
e terrível. De jovem cristã, nobre e belíssima, que levava uma vida tranqüila e
em paz com Deus, tornou-se escrava condenada às mais terríveis privações. Mas,
mesmo vendo trocadas a fortuna pela miséria, a veneração pelo desprezo, a
independência pela obediência, enfim, a liberdade pela escravidão, Júlia não se
abalou. Ela aceitou o sofrimento como uma forma de demonstrar a Deus seu amor e
sua fé, contribuindo para que o cristianismo crescesse e desse frutos, sem
renegar sua religião ou as condições de vida. Como seu Mestre, foi flagelada,
humilhada e morreu pregada a uma cruz. Júlia nasceu no século V, em Cartago.
Viveu feliz até que num dia do ano 439 os vândalos, chefiados pelo sanguinário
rei Genserico, invadiram sua cidade e a dominaram. Os pagãos devastaram a vida
da comunidade como um furacão. Mataram muitos católicos, profanaram os templos,
trucidaram os sacerdotes e venderam os cidadãos como escravos. Júlia foi
vendida para Eusébio, um negociante sírio. Mas a bondade e a resignação da
moça, que encontrava na fé o bálsamo para todas as dores, comoveram seu amo,
que passou a respeitá-la e exigir o mesmo de todos, nunca permitindo que fosse
molestada. Chegou a permitir até que ela dedicasse algumas horas do dia às
orações e leituras espirituais. Mas, certa vez Eusébio viajou para a Europa e,
entre os vários escravos que o acompanhavam, estava a bela e inteligente Júlia,
que nesta trágica viagem encontraria o martírio e a morte. Na Córsega
realizavam-se festas pagãs quando a comitiva lá chegou. Eusébio e todos os
demais se dirigiram a um templo dos deuses nacionais para prestar suas
homenagens, mas Júlia recusou-se a entrar. Ajoelhou-se à porta do templo e
passou a rezar para que Deus mostrasse aos pagãos o caminho da verdade. A
atitude chamou a atenção e chegou aos ouvidos do governador Felix. Este
convidou Eusébio para um banquete e propôs comprar a santa por um preço
absurdo, ou trocá-la pelas quatro mais belas escravas do seu palácio. Mas, o
comerciante recusou. Enraivecido pela paixão que Júlia despertara, o governador
embebedou o comerciante, cercou-o de mulheres exuberantes e tomou a escrava à
força, enquanto Eusébio dormia o sono dos bêbados. Mas Júlia não se curvou.
Recusou a liberdade oferecida pelo governador se cedesse aos seus desejos e
também sacrificasse aos deuses pagãos. O governador esbofeteou-a até que
sangrasse abundantemente pelo nariz, depois mandou que fosse flagelada e, por
fim, crucificada como Cristo. Quando Eusébio acordou era tarde. O corpo da
virgem e mártir foi sepultado numa Igreja de Gorjena.
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