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SÃO MARTINHO DE TOURS |
SÃO MARTINHO DE TOURS
"Senhor, se o Vosso povo precisa de mim, não vou fugir
do trabalho. Seja feita a Vossa vontade", dizia São Martinho aos oitenta e
um anos de idade. São Martinho de Tours despertou para a fé quando era soldado
da cavalaria e, a partir daí, sua vida foi uma verdadeira cruzada contra os
pagãos e em favor do cristianismo. Foi o primeiro santo não mártir a receber
culto oficial da Igreja. Sua atuação foi tão frutífera que basta olhar alguns números
para deduzir o quanto se dedicava ao trabalho espiritual. Mais de três mil e
seiscentas igrejas e quatrocentos e oitenta povoados da França o elegeram seu
santo patrono. Martinho nasceu na Hungria, por volta do ano 315, oriundo de
família pagã. Seu pai era tribuno romano. Por curiosidade, começou a freqüentar
uma igreja cristã, ainda rapaz. Mesmo tendo que enfrentar a vontade contrária
dos pais inscreveu-se no catecumenato, o curso de preparação ao batismo, que
naquele tempo durava vários anos. Talvez para afastá-lo da Igreja, seu pai o
alistou na cavalaria do exército imperial, tendo Martinho sido destinado para a
Gália, hoje França. Mas se o intuito do pai era esse, acabou dando resultado
inverso, pois Martinho, nas horas vagas, continuava praticando os ensinamentos
cristãos, principalmente a caridade. Um dia, um mendigo que tiritava de frio
pediu-lhe esmola e, como não tivesse, o cavalariano cortou seu próprio manto
com a espada, dando metade ao pedinte. Durante a noite o próprio Jesus lhe
apareceu em sonho, usando o pedaço de manta que dera ao mendigo e agradeceu a
Martinho por tê-lo aquecido no frio. Dessa noite em diante, ele decidiu que
deixaria as fileiras militares para dedicar-se à religião, o que só conseguiu
dois anos depois. Com vinte e dois anos já estava batizado e afastado da vida
mundana. Tornou-se monge e pupilo de Santo Hilário que o ordenou diácono,
doando-lhe ainda um terreno para que ali construísse um mosteiro. Foi o
primeiro construído na França e não demorou nada para que estivesse cheio de
jovens candidatos à vida religiosa. Aí começou sua cruzada. No ocidente, ao
contrário do oriente, os monges podiam exercer o sacerdócio para que se
tornassem apóstolos na evangelização. Martinho liderou então a conversão de
muitos e muitos habitantes da região rural chamada "os pagos", donde
vem o apelido de pagãos a quem ali vivia. Com seus monges ele visitava as
aldeias pagãs, pregava o evangelho, derrubava templos e ídolos e construía
igrejas. Onde encontrava resistência abria um convento e logo acabava por
conseguir a conversão de todo o povo do lugar. Dizem os escritos que, nesta
época, ele operou o milagre da ressurreição mais de uma vez. Quando ficou vaga
a cadeira de bispo em Tours o povo o aclamou com unanimidade para o cargo.
Corria o ano de 371 e Martinho aceitou, apesar de inicialmente ter resistido
muito. Mas não abandonou sua peregrinação. Como bispo, visitava todas as
paróquias, zelava pelo culto e não desistiu de converter pagãos e exercer
exemplarmente a caridade. Sua influência não se limitou a Tours, mas se
expandiu por toda a França, tornando-o querido e amado por todo o povo.
Martinho exerceu o bispado por vinte e cinco anos e, aos oitenta e um,
comunicou aos discípulos que sentia o fim se aproximando. Mas não parou de
trabalhar até o último instante, que se deu em 8 de novembro. Sua festa é
comemorada no dia 11, pois foi nesta data que foi sepultado em verdadeiro
triunfo. Seu enterro foi acompanhado por uma multidão que chorava copiosamente
e por mais de dois mil monges. São Martinho de Tours foi um dos santos mais
populares da Europa medieval.
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