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SÃO JOÃO DA CRUZ |
SÃO
JOÃO DA CRUZ
Seu nome de batismo era Juan de Yepes. Nasceu em Fontivaros,
na província de Ávila, Espanha, em 1542, talvez em 24 de junho. Ainda na
infância, ficou órfão de pai, Gonzalo de Yepes, descendente de uma família rica
e tradicional de Toledo. Mas, devido ao casamento, foi deserdado da herança. A
jovem, Catarina Alvarez, sua mãe, era de família humilde, considerada de classe
"inferior". Assim, com a morte do marido, que a obrigou a trabalhar,
mudou-se para Medina, com os filhos. Naquela cidade, João tentou várias
profissões. Foi ajudante num hospital, enquanto estudava gramática à noite num
colégio jesuíta. Então, sua espiritualidade aflorou, levando-o a entrar na
Ordem Carmelita, aos vinte e um anos. Foi enviado para a Universidade de
Salamanca a fim de completar seus estudos de filosofia e teologia. Mesmo
dedicando-se totalmente aos estudos, encontrava tempo para visitar doentes em
hospitais ou em suas casas, prestando serviço como enfermeiro. Ordenou-se
sacerdote aos vinte e cinco anos, mudando o nome. Na época, pensou em procurar
uma Ordem mais austera e rígida, por achar a Ordem Carmelita muito branda. Foi
então que a futura santa Tereza de Ávila cruzou seu caminho. Com autorização
para promover, na Espanha, a fundação de conventos reformados, ela também tinha
carta branca dos superiores gerais para fazer o mesmo com conventos masculinos.
Tamanho era seu entusiasmo que atraiu o sacerdote João da Cruz para esse
trabalho. Ao invés de sair da Ordem, ele passou a trabalhar em sua reforma,
recuperando os princípios e a disciplina. João da Cruz encarregou-se de formar
os noviços, assumindo o cargo de reitor de uma casa de formação e estudos,
reformando, assim, vários conventos. Reformar uma Ordem, porém, é muito mais
difícil que fundá-la, e João enfrentou dificuldades e sofrimentos incríveis,
para muitos, insuportáveis. Chegou a ser preso por nove meses num convento que
se opunha à reforma. Os escritos sobre sua vida dão conta de que abraçou a cruz
dos sofrimentos e contrariedades com prazer, o que é só compreensível aos
santos. Aliás, esse foi o aspecto da personalidade de João da Cruz que mais se
evidenciou no fim de sua vida. Conta-se que ele pedia, insistentemente, três
coisas a Deus. Primeiro, dar-lhe forças para trabalhar e sofrer muito. Segundo,
não deixá-lo sair desse mundo como superior de uma Ordem ou comunidade.
Terceiro, e mais surpreendente, que o deixasse morrer desprezado e humilhado
pelos seres humanos. Para ele, fazia parte de sua religiosidade mística
enfrentar os sofrimentos da Paixão de Jesus, pois lhe proporcionava êxtases e
visões. Seu misticismo era a inspiração para seus escritos, que foram muitos e
o colocam ao lado de santa Tereza de Ávila, outra grande mística do seu tempo.
Assim, foi atendido nos três pedidos. Pouco antes de sua morte, João da Cruz
teve graves dissabores por causa das incompreensões e calúnias. Foi exonerado
de todos os cargos da comunidade, passando os últimos meses na solidão e no
abandono. Faleceu após uma penosa doença, em 14 de dezembro de 1591, com apenas
quarenta e nove anos de idade, no Convento de Ubeda, Espanha. Deixou como
legado sua volumosa obra escrita, de importante valor humanístico e teológico.
E sua relevante e incansável participação como reformador da Ordem Carmelita
Descalça. Foi canonizado em 1726 e teve sua festa marcada para o dia de sua
morte. São João da Cruz foi proclamado doutor da Igreja em 1926, pelo papa Pio
XI. Mais tarde, em 1952, foi declarado o padroeiro dos poetas espanhóis.
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