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Santa Cândida |
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Santo André Kim Taegon |
Santa Cândida
A primeira referência sobre santa Cândida foi encontrada no
calendário da Igreja de Córdoba e em alguns documentos da antiga Galícia, ambas
na Espanha. Mas foi pela tradição cristã do povo napolitano, na Itália, que se
concluiu a história desta santa. A vida cristã de Cândida iniciou quando ela
foi convertida, segundo essa tradição, pelo próprio apóstolo Pedro, de passagem
por Nápoles. Naquela época, o apóstolo, com destino a Roma, atravessou Nápoles,
onde a primeira pessoa que encontrou na estrada foi a pequena Cândida.
Percebeu, imediatamente, que a pobre criança estava doente. Parou e
perguntou-lhe se conhecia a palavra de Jesus Cristo. Diante da negativa e em seu
ardor de levar a mensagem do Evangelho, Pedro falou-lhe da Boa-Nova, da fé e da
religião dos cristãos; curou-a dos males que sofria e a converteu em Cristo.
Assim, Cândida foi colhida pela luz de Deus e curada do físico e da alma.
Chegou em casa falando sobre o cristianismo e contando tudo o que o apóstolo
Pedro lhe dissera. Muito intrigado e confuso, Aspreno, um parente que a criava,
saiu para procurá-lo. Quando se encontraram, com muito zelo Pedro converteu
também Aspreno, que o hospedou em sua modesta casa por alguns dias. O apóstolo
acabou por catequizar os dois e, em seguida, batizou-os e ministrou-lhes a
primeira eucaristia durante a celebração da santa missa. Esse local recebeu o
nome de "Ara Petri", que significa Altar de Pedro. Depois, antes de
partir, o apóstolo consagrou Aspreno primeiro bispo de Nápoles e pediu para a
pequena Cândida continuar com a evangelização, salvando as almas para Nosso
Senhor Jesus Cristo. Aquele lugar onde fora celebrada a santa missa por são
Pedro tornou-se de grande veneração por Cândida. Ela deixou seu lar com todos
os confortos, preferindo passar seus dias numa gruta escura nas proximidades de
"Ara Petri", onde vivia em penitência e oração, catequizando e
convertendo muitos pagãos. Após alguns anos, o número de cristãos havia
aumentado muito. Por isso, quando o imperador romano ordenou as perseguições
contra a Igreja, os convertidos foram obrigados a fugir ou esconder-se. Então,
o bispo Aspreno embarcou Cândida, junto com outros cristãos, com destino a
Cartago, no norte da África, tentando mantê-los a salvo da implacável
perseguição, mas não conseguiu. Foram alcançados, presos e torturados. Cândida
foi levada a julgamento e condenada à morte porque se negou a renunciar à fé em
Cristo. No Martirológio Romano, encontramos registrado que a virgem e mártir
cristã Cândida morreu no Anfiteatro dos martírios de Cartago, no dia 20 de
setembro. Suas relíquias, encontradas nas Catacumbas de Priscila, agora estão
guardadas na igreja Santa Maria dos Milagres, em Roma. Muitos séculos mais
tarde, pesquisas arqueológicas feitas na cidade de Nápoles encontraram no local
"Ara Petri" um antigo cemitério de cristãos. O fato colocou ainda
mais devoção sobre a figura de santa Cândida, eleita pelos fiéis como padroeira
das famílias e dos doentes. Ela recebe, no dia 20 de setembro, as tradicionais
homenagens litúrgicas confirmadas pela Igreja.
Santo André Kim Taegon e companheiros
A Igreja coreana tem, talvez, uma característica única no
mundo católico. Foi fundada e estabelecida apenas por leigos. Surgiu no início
de 1600, a partir dos contatos anuais das delegações coreanas que visitavam
Pequim, na China, nação que sempre foi uma referência no Extremo Oriente para
troca de cultura. Ali os coreanos tomaram conhecimento do cristianismo.
Especialmente por meio do livro do grande padre Mateus Ricci, "A
verdadeira doutrina de Deus". Foi o leigo Lee Byeok que se inspirou nele
para, então, fundar a primeira comunidade católica atuante na Coréia. As
visitas à China continuaram e os cristãos coreanos foram, então, informados,
pelo bispo de Pequim, de que suas atividades precisavam seguir a hierarquia e
organização ditada pelo Vaticano, a Santa Sé de Roma. Teria de ser gerida por
um sacerdote consagrado, o qual foi enviado oficialmente para lá em 1785. Em pouco
tempo, a comunidade cresceu, possuindo milhares de fiéis, Porém começaram a
sofrer perseguições por parte dos governantes e poderosos, inimigos da
liberdade, justiça e fraternidade pregadas pelos missionários. Tentando acabar
com o cristianismo, matavam seus seguidores. Não sabiam que o sangue dos
mártires é semente de cristãos, como já dissera o imperador Tertuliano, no
início dos tempos cristãos. Assim, patrocinaram uma verdadeira carnificina
entre 1785 e 1882, quando o governo decretou a liberdade religiosa. Foram dez
mil mártires. Desses, a Igreja canonizou muitos que foram agrupados para uma só
festa, liderados por André Kim Taegon, o primeiro sacerdote mártir coreano.
Vejamos o seu caminho no apostolado. André nasceu em 1821, numa família da nobreza
coreana, profundamente cristã. Seu pai, por causa das perseguições, havia
formado uma "Igreja particular" em sua casa, nos moldes daquelas dos
cristãos dos primeiros tempos, para rezarem, pregarem o Evangelho e receberem
os sacramentos. Tudo funcionou até ser denunciado e morto, aos quarenta e
quatro anos, por não renegar a fé em Cristo. André tinha quinze anos e
sobreviveu com os familiares, graças à ajuda dos missionários franceses, que os
enviaram para a China, onde o jovem se preparou para o sacerdócio e retornou
diácono, em 1844. Depois, numa viagem perigosa vivida, tanto na ida quanto na
volta, num clima de perseguição, foi para Xangai, onde o bispo o ordenou
sacerdote. Devido à sua condição de nobre e conhecedor dos costumes e
pensamento local, obteve ótimos resultados no seu apostolado de evangelização.
Até que, a pedido do bispo, um missionário francês, seguiu em comitiva num
barco clandestino para um encontro com as autoridades eclesiásticas de Pequim,
que aguardavam documentos coreanos a serem enviados ao Vaticano. Foram
descobertos e presos. Outros da comunidade foram localizados, inclusive os seus
parentes. André era um nobre, por isso foi interrogado até pelo rei, no intuito
de que renegasse a fé e denunciasse seus companheiros. Como não o fez, foi
severamente torturado por um longo período e depois morto por decapitação, no
dia 16 de setembro de 1846 em Seul, Coréia. Na mesma ocasião, foram
martirizados cento e três homens, mulheres, velhos e crianças, sacerdotes e
leigos, ricos e pobres. De nada adiantou, pois a jovem Igreja coreana floresceu
com os seus mártires. Em 1984, o papa João Paulo II, cercado de uma grande
multidão de cristãos coreanos, canonizou santo André Kim Taegon e seus
companheiros, determinando o dia 20 de setembro para a celebração litúrgica.
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