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São Bruno
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São Bruno
Em meados do primeiro milênio depois de Cristo, Hugo, o bispo
da diocese francesa de Grenoble, sonhou certa vez com sete estrelas que
brilhavam sobre um lugar escuro, muito deserto. Achou estranho. Algum tempo depois,
foi procurado por sete nobres e ricos, que queriam converter-se à vida
religiosa e buscavam sua orientação, por causa da santidade e do prestígio do
bispo. Hugo, reconhecendo na situação o sonho que tivera, ouviu-os com atenção
e ofereceu-lhes fazer sua obra num lugar de difícil acesso, solitário, árido e
inóspito. Assim, tiveram todo o seu apoio episcopal. Esses homens buscavam
apenas o total silêncio e solidão para orar e meditar. Tudo o que desejavam, ou
seja, queriam atingir a elevação espiritual, cortando definitivamente as
relações com as coisas mundanas. Eles eram Bruno e seus primeiros seis
seguidores e a ordem que fundaram foi a dos monges cartuxos. Bruno era um nobre
e rico fidalgo alemão, que nasceu e cresceu na bela cidade de Colônia. Sua família
era conhecida pela piedade e fervorosa devoção cristã. Cedo aquele jovem
elegante resolveu abandonar a vida de vaidades e prazeres, que considerava
inútil, sem sentido e improdutiva. Como era propício à nobreza, foi estudar na
França e Itália. No primeiro país concluiu os estudos na escola da diocese de
Reims, onde também se ordenou e posteriormente lecionou teologia. Como aluno,
teve até mesmo um futuro papa. Mas também conhecia a fama de santidade do bispo
de Grenoble, por isso decidiu procurá-lo. Assim, no lugar indicado por ele,
Bruno liderou a construção da primeira Casa de Oração, com pequenas celas ao
redor. Nascia a Ordem dos monges Cartuxos, cujas Regras foram aprovadas em
1176, mas ele já havia morrido. Lá, ele e seus discípulos se obrigaram ao
silêncio permanente e absoluto. Oravam, trabalhavam, repousavam e comiam, mas
no mais absoluto e total silêncio. Em 1090, o sumo pontífice era seu ex-aluno,
que, tomando o nome de papa Urbano II, chamou Bruno para ser seu conselheiro.
Ele, devendo obediência, abandonou aquele lugar ermo que amava profundamente.
Porém não resistiu muito em Roma. Logo obteve aprovação do papa para construir
seu mosteiro de Grenoble e também a autorização para fundar outra Casa da Ordem
dos Cartuxos, na Calábria, num local ermo chamado bosque de La Torre, hoje
chamado Serra de São Bruno, província de Vito Valentia. Viveu assim recolhido
até que adoeceu gravemente. Chamou, então, os irmãos e fez uma confissão
pública da sua vida e reiterou a profissão da sua fé, entregando o espírito a
Deus em 6 de outubro de 1101. Gozando de fama de santidade, seu culto ganhou
novo impulso em 1515. Na ocasião, o seu corpo, enterrado no cemitério no
Convento de La Torre, foi exumado e encontrado completamente intacto, tendo,
assim, sua celebração confirmada. Em 1623, o papa Gregório XV declarou Bruno
santo da Igreja. Seguindo o carisma de seu fundador, a Ordem dos Cartuxos é uma
das mais austeras da Igreja Católica e seguiu assim ao longo dos tempos, como
ele mesmo previu: "Nunca será reformada, porque nunca será
deformada". Entretanto, atualmente, conta apenas com dezenove mosteiros
espalhados pelo mundo todo.
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