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Santa Eulália
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Santo Julião Hospitaleiro |
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Reginaldo de Orleans
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Santa Eulália
Eulália, nasceu nas proximidades da cidade de Barcelona, no
ano 290. Pertencia a uma família da nobreza espanhola e seus pais viviam numa
vasta propriedade na periferia daquela movimentada corte. Cobriam a menina
Eulália com todo amor, carinho e mimos, quase sufocando a pequena que já na
tenra idade resplandecia em caráter. Humilde, sábia, prudente e muito
inteligente era a caridade em pessoa. Dedicava um extremo amor à Jesus Cristo,
para o qual despendia muitas horas do dia em virtuosas orações. Costumava ficar
no seu modesto quarto, reunida com suas amiguinhas, entoando cânticos e hinos
de louvor ao Senhor, depois saiam para distribuir seus melhores pertences às
crianças pobres das imediações, que sempre batiam à sua porta. Entrou para a
adolescência, aos treze anos, no mesmo período em que chegava à Barcelona a
notícia da volta à terrível perseguição contra os cristãos, decretada para
todos os domínios do Império. Quando os sanguinários dos imperadores romanos
Diocleciano e Maximiano, souberam da rápida e veloz propagação da fé cristã,
nas longínquas terras espanholas, onde até então era rara esta fé, decidiram e
mandaram o mais cruel e feroz de seus juízes, chamado Daciano, para acabar com
aquela "superstição". Temendo pela vida de Eulália, seus pais
decidiram leva-la para uma outra propriedade mais afastada, onde poderia ficar
longe dos soldados que andavam pelas ruas caçando os cristãos denunciados. Eulália
considerou covardia fugir do poder que exterminava os irmãos cristãos. Assim,
altas horas da noite e sem que sua família soubesse, fugiu e se apresentou
espontaneamente ao temido juiz, como cristã. Consta inclusive que teria dito:
"Querem cristãos? Eis uma". Como queria, na impetuosidade da
adolescência, foi levada a julgamento. Ordenaram novamente que ela adorasse um
deus pagão, dando-lhe sal e incenso, para que depositasse ao pé do altar.
Eulália, ao invés, derrubou a estátua do deus pagão, espalhando para longe os
grãos de incenso e sal. A sua recusa a oferecer os sacrifícios deixou furioso
Daciano, que mandou chicoteá-la até que seu corpo todo ficasse em chagas e
sangrando. Depois foi queimada viva com as tochas dos carrascos. Era 12 de
fevereiro de 304. Seu corpo foi sepultado na igreja de Santa Maria das Arenas,
mais tarde destruída durante um incêndio. Mas suas relíquias se mantiveram
intactas e foram ocultadas durante a dominação dos árabes muçulmanos, quando o
culto cristão era proibido. O culto à Santa Eulália foi mantido principalmente
em Barcelona onde é muito antigo. De lá, acabou se estendendo por toda Espanha
atravessando as fronteiras, para além da França, Itália, África enfim atingiu
todo o mundo cristão, oriental e ocidental. Ela costuma ser festejada na
diocese de Mérida em 10 de dezembro, cidade de seu martírio. Santa Eulália é
co-padroeira da cidade de Barcelona, ao lado da Virgem das Mercês.
Santo Julião Hospitaleiro
Conta a tradição que os pais de Julião eram nobres e viviam
num castelo. No dia do seu batizado, seus pais tiveram um sonho idêntico. Nele,
um ermitão lhes dizia que o menino seria um santo. O menino foi educado como um
nobre, apreciando a caça como esporte, e apesar do caráter violento, era
caridoso com os pobres. Na adolescência, foi a vez de Julião. Ele sonhou com um
grande veado negro que lhe disse: "Você será o assassino de seus
pais". Impressionado, fugiu para nunca mais voltar. Ficou famoso como
soldado mercenário. Casou-se com uma princesa e foi morar num castelo. Certa
noite, saiu para caçar, avisando que voltaria só ao nascer do sol. Algumas
horas depois, seus pais, já idosos, chegaram para revê-lo. Foram bem acolhidos
pela nora que lhes cedeu o seu quarto para aguardarem o filho, repousando.
Julião regressou irritado porque não conseguira nenhuma caça. Mas a lembrança
da esposa a sua espera acalmou seu coração. Na penumbra do quarto, percebeu que
na cama havia duas pessoas. Possuído pela cólera matou os dois com seu punhal.
Ao tentar sair, viu o vulto de sua mulher na porta do quarto. Então, ele
compreendeu tudo. Desesperado abriu as janelas e viu que tinha assassinado os
pais. Após os funerais, colocou a esposa num mosteiro, doou os bens aos pobres
e partiu para cuidar da alma. Tornou-se outro homem, calmo, humilde e pacífico.
Andou pelos caminhos do mundo, esmolando. Por espírito de sacrifício contava a
sua história e, então, todos se afastavam fazendo o sinal da cruz. Foi renegado
por homens e animais. Vivia afastado, remoendo sua culpa, rezando em
penitência, amargando suas visões fúnebres e os soluços da alma. Mas, Julião
sentia necessidade de salvar vidas, ajudar os velhos e as crianças doentes e
pobres. Decidiu então ajudar os leprosos na travessia de um rio, que pela
violência da correnteza fazia muitas vítimas. Julião, construiu sozinho um
caminho para descer até ao rio. Em seguida reparou um velho barco e ergueu uma
grande cabana. A travessia passou a ser conhecida por todos os leprosos, pois
além de conduzi-los de graça, eram tratados por ele, na cabana. Ficou conhecido
por "Julião Hospitaleiro". Costumava ir esmolar para distribuir o que
ganhava com os que já não podiam caminhar.A cabana se tornou um verdadeiro
hospital para leprosos. A fama de sua santidade começou a se espalhar, mas
Julião continuava a sentir o tormento de sua alma, que só era aplacado quando
cuidava dos seus leprosos. Até que uma noite, após um leproso morrer nos seus
braços, Julião sentiu sua alma inundada por uma alegria infinita e caminhou
para se encontrar face a face com Nosso Senhor Jesus Cristo, que o chamou para
a glória do céu. Esta é a história de Julião Hospitaleiro, e se encontra
descrita, num dos vitrais da Catedral de Notre Dame, na França, que guarda suas
relíquias. A diocese de Macerata, na Itália, onde dizem que ele permaceu
durante anos mendigando e ajudando as pessoas com seus prodígios de santidade,
também recebeu algumas delas. A Igreja o comemora no dia 12 de fevereiro, data
que a tradição indicou como sendo a de sua morte.
Reginaldo de Orleans
Reginaldo nasceu em 1175 na pequena cidade de Saint Gilles,
sul da França . Desde a infância foi uma criança especial, possuía inteligência
acima da média e vocação religiosa. Comunicador nato, se tornou uma figura
extremamente carismática e singela, generoso com o próximo mas austero consigo
mesmo. Com estas características, ao atingir a idade indicada, foi estudar
direito canônico na Universidade de Paris. Em 1206, recebeu o diploma de
doutor, sendo convidado para ser titular da cadeira de direito canônico, cargo
que exerceu durante cinco anos. Reginaldo dividia o seu tempo com o trabalho, o
estudo, a caridade e a oração contemplativa unida a rígida penitência,
alcançando grandes progressos espirituais. Ficou conhecido e se tornou
respeitado no meio acadêmico e do clero. Os seus contemporâneos registraram que
era um gigante durante os sermões, ardoroso e veemente, adquiria um brilho
especial, fazendo com que a presença de Deus fosse sentida no ambiente e o no
coração dos ouvintes. No início de 1212, Reginaldo aceitou ser o decano e canônico
na diocese da cidade francesa de Orleans. Sempre humilde, continuou cativando
os fiéis com sua oratória. Depois de seis anos, desejando definir em que Ordem
deveria ingressar, aceitou acompanhar o bispo de Orleans em sua peregrinação à
Roma com destino à Terra Santa. No Vaticano, Reginaldo ficou sabendo sobre uma
Ordem recém criada, para a formação de padres predicantes, cujo fundador, o
padre Domingos de Guzman, tinha fama de santidade, sendo hoje venerado pela
Igreja. Embora interessado decidiu seguir para Jerusalém, mas logo regressou
pois ficou gravemente doente. Apesar de desenganado, milagrosamente foi curado
pela intercessão de Nossa Senhora, que lhe apareceu e mostrou um hábito.
Reginaldo percebeu que se tratava da Ordem dos Padres Predicadores, indo
procurar o seu fundador, que o aceitou e lhe deu a primeira missão a ser
executada em Bolonha, Itália. Como grande predicador que era, inflamou os
ânimos de seus ouvintes, despertando as vocações e induzindo muitos a
ingressarem na nova congregação. De modo que, o edifício da comunidade, em
Santa Maria de Mascarela, se tornou pequeno e tiveram de se transferir para o
outro convento, na propriedade rural de São Nicolau, não muito distante. Pelos
resultados fantásticos e devido ao sucesso obtido em Bolonha, no final de 1219,
ele recebeu a tarefa de ir à Paris, para impulsionar aquela comunidade. O
sucesso se repetiu, pois alí também a sua palestra entusiasmada exerceu um
fascínio irresistível. No dia 12 de fevereiro de 1220, morreu serenamente após
ter abraçado a vida dos apóstolos. Foi sepultado na Catedral de Notre-Dame des
Champs, atual Suíça. Entretanto o seu corpo desapareceu durante a revolução do
final do século XVIII. O seu culto foi confirmado e mantido no dia de sua
morte, pelo Papa Pio IX em 1875, que beatificou Reginaldo de Orleans, como se
tornou conhecido entre os dominicanos.
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