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São Ricardo Bachedine
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São Luís Scrosoppi |
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São Xisto I
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Ricardo Bachedine nasceu na Inglaterra em 1197, já em meio a
uma tragédia familiar: os pais, que eram nobres e ricos, de repente caíram na
miséria. Logo depois, morreram e deixaram-lhe como herança muitas dívidas e um
casal de irmãos. Por isso Ricardo teve de deixar os estudos com os beneditinos
em Worcester e voltou para casa para ajudar a restaurar as finanças. A situação
melhorou e ele voltou para os estudos, deixando as propriedades aos cuidados de
um bom administrador, resguardando, assim, os irmãos de qualquer imprevisto.
Ricardo completou sua formação na Universidade de Oxford, onde foi eleito
reitor. Desde então, começou sua atuação em prol da Igreja, pois eram anos de
grande corrupção moral. O povo, ignorante e supersticioso, aceitava
passivamente a vida devassa dos nobres e do clero, que há muito estava afastado
da disciplina monástica. Ricardo, ao contrário, vivia com austeridade e passou
a lutar por uma reforma geral nos meios católicos, para com isso elevar o nível
de vida do povo, tanto material quanto espiritual. Na universidade, favoreceu a
aceitação dos frades franciscanos e dominicanos, que aos poucos instituíram a
volta da disciplina e da humildade entre os religiosos e seus agregados. Essa
postura acabou gerando retaliações do rei Henrique III ao bispo da Cantuária,
sob a orientação de quem Ricardo agia. Perseguido pelo rei, o bispo buscou
exílio na França e Ricardo o acompanhou fielmente até que morresse. Foi neste
período que, por insistência do bispo, ordenou-se sacerdote, apesar dos seus
quarenta e cinco anos. Os seus talentos e sua dedicação foram recompensados um
ano depois, quando o arcebispo da Cantuária consagrou-o bispo de Chichester.
Henrique III ficou furioso, apossando-se dos bens da diocese e proibindo
Ricardo de assumir seu cargo. Mas Ricardo não se intimidou, voltou disfarçado
de mendigo e, na clandestinidade, atuou durante dois anos, organizando o
trabalho pastoral da diocese junto ao povo explorado. Entretanto o papa
Inocêncio IV perdeu a calma e ameaçou excomungar o rei, que teve de aceitar
Ricardo como bispo de Chichester. Assim, ele pôde atuar com liberdade até
morrer, em Dover, no dia 3 de abril de 1253, a caminho de uma cruzada. Ricardo
foi sepultado no cemitério da catedral de Chichester e sua santidade era tanta
que, nove anos depois, o papa Ubaldo IV o canonizou. Em 1276, com a presença do
casal real dos ingleses e outras cabeças coroadas da Europa, o corpo de são Ricardo
foi transferido para um relicário dentro do altar maior da catedral, o qual
depois foi destruído pelo cismático rei Henrique VIII, em 1528. Mas suas
relíquias foram secretamente levadas para várias igrejas da diocese. Somente em
1990 elas foram reunidas e voltaram para a catedral de Chichester, onde foram
depositadas na urna sob o mesmo altar. São Ricardo é festejado, tanto pelos
católicos como pelos anglicanos, no dia 3 de abril, sendo venerado como
padroeiro dos cavaleiros e dos cocheiros.
São Luís Scrosoppi
Luís nasceu em 4 de agosto de 1804, em Udine, cidade do
Friuli, no Norte da Itália. Foi o último dos filhos de Antônia e Domingos
Scrosoppi, cristãos fervorosos que educaram os filhos dentro dos preceitos da
fé e na caridade. Aos doze anos, Luís ingressou no seminário diocesano de
Udine, e, em 1827, foi ordenado sacerdote. A região do Friuli, a partir de
1800, mergulhou na miséria em conseqüência das guerras e epidemias, o que
serviu ao padre Luís de estímulo para cuidar dos necessitados. Dedicou-se, com
outros sacerdotes e um grupo de jovens professoras, à acolhida e à educação das
"derelitas", as mais sozinhas e abandonadas jovens de Udine e dos
arredores. A elas ele disponibilizou todos os seus bens, suas energias e seu
afeto, sem economizar nada de si. Quando foi preciso, ele não hesitou em pedir
esmolas. A sua vida foi, de fato, uma expressão palpável da grande confiança na
Providência Divina. Com essas senhoras, chamadas de "professoras",
hábeis no trabalho de costura e de bordado, que estavam aptas à alfabetização,
dispostas a colocarem suas vidas nas mãos do Senhor para servi-lo e optando por
uma vida de pobreza, padre Luís Scrosoppi fundou a Congregação das Irmãs da
Providência. Mas notou que necessitava de algo mais para dar continuidade a essa
obra. Por isso, aos quarenta e dois anos de idade, em 1846, tornou-se um
"filho de são Felipe" e, através do santo, aprendeu a mansidão e a
doçura, qualidades que lhe deram mais idoneidade na função de fundador e pai da
nova família religiosa. Todas as obras feitas por padre Luís refletiram sua
opção pelos mais pobres e necessitados. Ele profetizou certa vez: "Doze
casas abrirei antes da minha morte", e sua profecia concretizou-se. Foram,
realmente, doze casas abertas às jovens abandonadas, aos doentes pobres e aos
anciãos que não tinham família. Porém Luís não se dedicava apenas às suas obras
de caridade. Ele também oferecia seu apoio espiritual e econômico a outras
iniciativas sociais de Udine, realizadas por leigos de boa vontade. Era dele,
também, a missão de sustentar todas as atividades da Igreja, em particular as
destinadas aos jovens do seminário de Udine. Depois de 1850, a Itália
unificou-se, num clima anticlerical, e os fatos políticos representaram um
período difícil para Udine e toda a região do Friuli. Uma das conseqüências foi
o decreto de supressão da "Casa das Derelitas" e da Congregação dos
Padres do Oratório, de Udine. Após uma verdadeira batalha, conseguiu salvar as
"Casas", mas não conseguiu impedir a supressão da Congregação do
Oratório. Já no fim da vida, padre Luís transferiu a direção de suas obras às
irmãs, que aceitaram a missão com serenidade e esperança. Quando sentiu chegar
o fim, dirigiu suas últimas palavras às irmãs, animando-as para os revezes que
surgiriam, lembrando-as: "... Caridade! Eis o espírito da vossa família
religiosa: salvar as almas e salvá-las com a caridade". Morreu no dia 3 de
abril de 1884. Toda a população de Udine e das cidades vizinhas foram vê-lo
pela última vez e pedir-lhe ajuda do paraíso celeste. No terceiro milênio, as
irmãs da Providência continuam a obra do fundador nos seguintes países:
Romênia, Moldávia, Togo, Índia, Bolívia, Brasil, África do Sul, Uruguai e
Argentina. Padre Luís Scrosoppi foi proclamado santo pelo papa João Paulo II em
2001. Nessa solenidade estava presente um jovem sul-africano que foi curado, em
1996, da Aids. Por esse motivo, esse mesmo pontífice declarou São Luis
Scrosoppi padroeiro dos portadores do vírus da Aids e de todos os doentes
incuráveis. O jovem sul-africano que se curou desse vírus entrou no Oratório de
São Felipe Néri, tomando o nome de Luís.
São Xisto I
O imperador Trajano, no final do seu reinado, julgou que
devia diminuir a própria política de perseguição nos combates ao cristianismo,
também porque a "infâmia" de ser cristão servia, mais freqüentemente,
para resolver atritos políticos ou familiares do que para dirimir questões
religiosas. Tal clima de "tolerância" disfarçada, que não mudou nem
mesmo os métodos e as perseguições, prosseguiu até no governo do imperador
Adriano, o qual escreveu ao procônsul da Ásia: "Se um faz as acusações e
demonstra que os cristãos estão operando contra as leis, então a culpa deve ser
punida segundo a sua gravidade. Mas se alguém se aproveita deste pretexto para
caluniar, então é este último que deve ser punido". Nessa realidade,
elegeu-se Xisto I, filho de pastores romanos, que se tornou o sétimo sucessor
do trono de são Pedro, em 115. Seu governo combateu com veemência as doutrinas
maléficas dos gnósticos, ou seja, os princípios da existência seriam
transmitidos através do "conhecimento revelado" por inúmeras
potências celestes, que feriam todos os fundamentos da religião de Cristo. A
este papa deve-se a introdução de muitas normas disciplinares de culto
litúrgico. Proibiu as mulheres de tocarem o cálice sagrado e a patena, que é o
pratinho de metal, dourado ou prateado, usado para depositar a hóstia
consagrada. Instituiu o convite aos fiéis para cantarem o sanctus junto com o
celebrante, durante a missa. Introduziu a água no rito eucarístico e determinou
que a túnica ou corporal fossem feitos de linho. O papa Xisto I morreu durante
a perseguição do imperador Adriano, em 125. Estava próximo de Roma, visitando a
diocese de Frosinone, provavelmente onde sofreu o suplício, pois foi enterrado
na acrópole de Alatri. A sua celebração foi mantida no dia 3 de abril, como
sempre foi reverenciado pelos devotos alatrianos, que guardam as suas relíquias
na igreja da catedral da cidade.
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