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Joana de Portugal
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As catacumbas romanas atraem devotos e turistas de todo o
mundo. Ali estão enterrados os santos dos primeiros anos do catolicismo. Entre
eles, do adolescente Pancrácio, com as inscrições confirmando o seu martírio.
Pancrácio nasceu em Roma, filho de pais cristãos, nobres, ricos e amigos do
imperador Diocleciano. Órfão, ainda muito criança foi morar com um tio chamado
Dionísio. Com o seu apoio conseguiu estudar em Roma, indo morar na mesma casa
onde fazia seu retiro o papa Marcelino, que respeitava Pancrácio por sua
modéstia, doçura, piedade e profunda fé. Mas como a perseguição de Diocleciano
não dava tréguas a cristão nenhum, Pancrácio, então com catorze anos de idade,
e seu tio Dionísio foram denunciados e levados a júri. O tio foi imediatamente
morto. Pancrácio ainda mereceu uma certa consideração do imperador. Afinal,
estava na flor da idade e era filho de alguém que havia sido seu amigo.
Diocleciano tentou envolver Pancrácio com promessas, astúcias e, finalmente,
ameaças. Nada deu resultado. Como o adolescente respondia a tudo afirmando que
não temia a morte, pois a levaria direto a Deus, o imperador perdeu a paciência
e mandou logo decapitá-lo. Era o dia 12 de maio de 304. O seu túmulo se
encontra numa das estradas mais famosas de Roma, a Via Aurélia, no cemitério de
Ottavilla, onde, no século VI, o papa Símaco mandou erguer uma igreja em sua
homenagem, existente até hoje. Há muitas outras igrejas em louvor a são
Pancrácio na Itália, França, Inglaterra e Espanha, onde seu culto se difundiu.
A ele também foram dedicados os mosteiros de Roma, fundado por são Gregório
Magno, e o de Londres, fundado por santo Agostinho de Canterbury. A fama de
santidade de são Pancrácio se espalhou e sua devoção é muito intensa até hoje.
Ele é o padroeiro dos enfermos na Itália, padroeiro dos trabalhadores na
Espanha e padroeiro da Juventude da Ação Católica na América Latina.
Joana de Portugal
Joana nasceu em Lisboa no dia 6 de fevereiro de 1452. Era
filha do rei de Portugal, Afonso V, o Africano, e da rainha Isabel, que, por
ser devota de são João Evangelista, deu o seu nome à princesa. Ela foi uma
criança muito aguardada, pois daria estabilidade ao reino, na condição de
sucessora natural ao trono. Depois de três anos, para alegria da corte e
tristeza do rei e de Joana, a rainha deu à luz a um menino, que em seguida
morreu. A menina, muito querida pelo pai, foi acompanhada na formação cristã e
acadêmica pela tia Filipa, uma fidalga muito devota, que a preparou para ser
rainha. Joana cresceu graciosa e muito bonita, mas demonstrando forte
inclinação religiosa, e um temperamento dócil e perseverante. Aos quinze anos,
a jovem princesa entregava-se cada vez mais aos retiros espirituais, às
orações, leitura religiosa e contemplação. Também fazia duras penitências,
jejuava muitas vezes a pão e água, especialmente às sextas-feiras, e não
deixava de praticar a caridade, ajudando pessoalmente os pobres que recorriam
ao seu palácio. Queria entregar sua vida a Deus, ansiando por um mosteiro de
clausura, para desgosto do rei, seu pai, e desespero da corte, preocupada,
politicamente, com a sucessão do trono. Isso porque, se o rei Afonso V
morresse, o sucessor seria o filho homem; todavia, se algo acontecesse com esse
herdeiro homem, a sucessora legal seria Joana. Julgando que um casamento
poderia fazer a princesa mudar de idéia, dada a sua pouca idade, a corte passou
a agir. Ela se tornara uma jovem princesa muito interessante e cativante, pelas
qualidades intelectuais, morais e, principalmente, por sua rara beleza. Logo
vieram os pedidos de casamento dos príncipes estrangeiros, como: o delfim da
França, Maximiliano da Áustria e o rei Carlos III da Inglaterra; porém ela
rejeitou todos, estava decidida a ser esposa só de Jesus Cristo. Aos dezenove
anos de idade, Joana habilmente convenceu seu pai a oferecer a Deus sua única
filha em agradecimento às muitas e recentes vitórias que ele tinha conquistado
em Arzila e Tânger e pelos mouros terem abandonado a cidade. O comovente pedido
da filha fez Afonso V perceber que o seu chamado à vida religiosa era
verdadeiro e consentiu que a princesa entrasse no Mosteiro de Odivelas. Todavia
ela desejava estar num de disciplina mais austera, por isso ingressou no
Mosteiro de Jesus, em Aveiro, onde vestiu o hábito dominicano de noviça em
1472. Mas a saúde de Joana não permitiu que professasse os votos definitivos,
por isso permaneceu como dominicana secular naquele mosteiro, obedecendo a
todas as regras com louvável rigor e se dedicando aos serviços mais humildes. A
princesa Joana continuou a fazer caridade junto aos pobres e abandonados,
enquanto a fama de sua santidade se espalhava para outros reinos. Contava com
trinta e oito anos de idade quando morreu, no dia 12 de maio de 1490. Foi sepultada
no coro de baixo da capela do Mosteiro de Jesus, onde suas relíquias são
guardadas até hoje. Em vida amada pelo povo por sua santidade, após sua morte a
princesa Joana passou a ser venerada e cultuada pelos milagres que ocorriam por
sua intercessão. Foi beatificada pelo papa Inocêncio XII, em 1693. Beata Joana
de Portugal, mas chamada pelos devotos de princesa santa Joana, foi declarada
padroeira de Aveiro em 1965.
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