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São João Nepomuceno
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Santo Ubaldo |
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Santo André Bobola |
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São Simão Stock
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São João Nepomuceno
João nasceu em 1330, em Nepomuk, na Boêmia, atual República
Checa. Apesar de os pais serem pobres e ter idade avançada, João conseguiu formar-se
doutor em teologia e direito canônico na universidade de Praga, uma das mais
modernas e avançadas da época, fundada pelo rei Carlos IV. Mas desde muito cedo
João sabia que sua verdadeira vocação era o sacerdócio, a pregação. Quando,
finalmente, recebeu a unção sacerdotal, pôde colocar em prática o seu talento
de orador sacro, e o fez de forma tão brilhante que foi convidado a ser capelão
e confessor na corte, onde teve muito trabalho, pois o rei Venceslau IV era uma
pessoa difícil e de mau-caráter. Mas a rainha e imperatriz Joana da Baviera era
muito pia, bondosa e caridosa, e o tomou para diretor espiritual e confessor
particular. Não se sabe exatamente como foi seu martírio e como tudo ocorreu,
mas o rei Venceslau, que desejava controlar a Igreja, não estava satisfeito com
a possível chegada de um novo bispo, enviado por Roma a pedido da rainha. A
tradição lembra, porém, que o rei teria exigido que João violasse o segredo da
confissão da rainha, coisa a que ele se negou e, por isso, foi torturado e morto.
Depois, às escondidas, seu corpo foi jogado nas águas do rio Moldávia, em 16 de
maio de 1383. No dia seguinte, a população percebeu um cadáver boiando no rio,
circundado por uma luz misteriosa com cinco estrelas. Ao recolhê-lo,
reconheceram que se tratava do capelão João. A cidade toda, então, ficou
sabendo o que acontecera com ele e reconheceu no rei Venceslau o autor daquela
crueldade. Assim, em procissão, o corpo foi levado e enterrado na igreja da
Santa Cruz, onde permanece até hoje. Em 1729, ele foi canonizado. Hoje são João
Nepomuceno é celebrado como o mártir da confissão e venerado por todos os
habitantes da cidade de Praga.
Santo Ubaldo
Ubaldo nasceu de nobre família alemã em 1085, na cidade de
Gúbio, Itália. Entretanto foi criado por um tio, porque ficou órfão ainda muito
criança. Aos quinze anos de idade, resolveu que seria monge ermitão, para estar
longe do burburinho e das ilusões da cidade. Seu tio não permitiu, preferindo
que ele fosse conviver com os cônegos de São Segundo, para completar os
estudos. Com eles Ubaldo ficou até ser chamado pelo bispo João, que o ordenou
sacerdote em 1114 e o manteve como auxiliar incansável na reforma eclesiástica
que promovia naquela diocese. Mas neste mesmo ano foi eleito prior da
comunidade religiosa de São Mariano, nos arredores de Gúbio, e titular da
catedral. À pequena comunidade ele deu um novo desenvolvimento ascético, nos
moldes de são Pedro Damião, que tinha transformado o mosteiro de Fonte Avelana
em um centro exemplar de vida religiosa. E para lá se dirigiu também Ubaldo,
depois do incêndio de 1126, que destruiu a catedral e a comunidade, com os
religiosos tendo de se dispersarem. Acontece que Ubaldo teve atuação tão
exemplar nesse período, que em 1129 foi nomeado bispo de Gúbio pelo papa
Honório II, que o consagrou pessoalmente. Assim ele voltou para sua cidade,
agora também sua sede episcopal. Além de ganhar a confiança do povo quase de
imediato, por causa da defesa intransigente dos fracos e oprimidos pelos
senhores feudais, Ubaldo passou a ser considerado herói por ter evitado a
invasão da cidade pelo terrível Frederico Barba-Roxa, em 1155. Para isso usou
suas armas mais eficazes: persuasão, caridade e doçura. Ubaldo era um
pacificador. Diz a tradição que, certa vez, ele se colocou literalmente entre
dois grupos adversários que brigavam no centro de Gúbio. Somente ao ver seu
amado bispo no chão, ferido pelos participantes de ambos os lados, é que o povo
percebeu a violência descabida praticada, a luta cessou e a paz passou a reinar
na cidade. Ele morreu no dia 16 de maio de 1160, tendo sido proclamado
padroeiro de Gúbio imediatamente após o falecimento. Com isso a sua canonização
foi rápida, ocorrida pouco mais de trinta anos depois. Em 1192, foi proclamado
santo Ubaldo, sendo celebrado no dia de sua morte.
Santo André Bobola
Filho de pais nobres, cristãos e poloneses, André nasceu no
dia 30 de novembro de 1591, na cidade de Sandomir. Aos vinte anos, ingressou no
seminário dos jesuítas de Vilna, atual Vilnius, Lituânia. Lá se ordenou
sacerdote em 1622, com o desejo único de evangelizar, mas acabou se tornando
enfermeiro durante uma epidemia de cólera, dando prioridade a esse trabalho.
Depois foi eleito superior em Bobruik, percorrendo a região por vinte anos, com
seu apostolado de pregação e evangelização. O sacerdócio era um risco contínuo
nesse território devastado pelas freqüentes guerras entre poloneses, lituanos,
russos "brancos" e "moscovis", suecos e cossacos. Esses
nômades foram também para a Polônia, que tentava controlar o ingresso com normas
rígidas de permissão, sem interromper, contudo, os confrontos sangrentos. Além
do conflito político, havia o religioso entre os católicos romanos; os cristãos
orientais, divididos entre si; e os grupos da Reforma. É nesse cenário que
padre Bobola marcou sua presença de fé tranqüila e pacífica, alicerçada pelo
estudo e pelo gosto pessoal pelos diálogos e debates vigorosos com as demais
pessoas. Ele não vivia sem a pregação. Todos, católicos ou não, admiravam sua
coragem. Os inimigos o chamavam de "caçador de almas", com uma
aversão que era mais um reconhecimento ao seu valor e a sua coragem diante de
tudo e de todos. Uma revolta dos cossacos, a serviço do Império Russo, inimigo
da Polônia, desencadeou uma perseguição político-religiosa sem precedentes. As
igrejas, conventos e seminários foram incendiados e os católicos, torturados e
martirizados. Todavia padre André Bobola não desistiu do apostolado, nem
diminuiu sua pregação. No dia 16 de maio de 1657, os cossacos o capturaram e,
após muito suplício e tortura, foi cruelmente assassinado. Os católicos levaram
seu corpo para Pinsk, onde todos foram venerá-lo, mesmo os ortodoxos e os
dissidentes. Ali suas relíquias repousaram até o ano de 1808, quando foi
trasladado para Polock, na Rússia Branca, antiga União Soviética. Em 1922,
depois da revolução bolchevista, seu corpo foi levado para um museu médico em
Moscou. Mas no ano seguinte o entregaram a uma comissão de jesuítas, depois de
acertos oficiais entre o papa Pio XI e as autoridades do governo russo. Assim,
a urna do jesuíta mártir foi conduzida a Roma, em 1924, e depositada na igreja
de Jesus. Em 1938, o papa Pio XI o proclamou santo e suas relíquias seguiram,
numa última viagem, a Varsóvia, Polônia. Santo André Bobola viveu apenas
sessenta e seis anos, mas seu corpo viajou por toda a Europa ao longo de três
séculos. Ele foi declarado padroeiro da Polônia, junto com Nossa Senhora de
Czestochowa, e apóstolo da Lituânia.
São Simão Stock
Simão nasceu em 1165, no castelo da família em Kent,
Inglaterra. O seu pai era governador local, e tinha parentesco com a casa real
do seu país. A família, cristã e pia, proporcionou-lhe uma formação intelectual
e religiosa aprimorada. Aluno aplicado e inteligente, freqüentou o colégio de
Oxford desde os sete anos de idade. Mesmo sendo conduzido para uma carreira que
trouxesse glórias terrenas, o que Simão desejava era poder seguir a vida
religiosa: para servir a Deus, para a glória de Deus. Aos doze anos, deixou o
castelo paterno para viver como eremita. Retirou-se para o interior da floresta
perto de Oxford, e nela viveu sua existência consagrada ao Senhor. A morada
escolhida era o velho tronco oco de um carvalho. Logo essa notícia se empalhou
e o estranho monge passou a ser chamado de Simão "Stock". Assim ele
viveu por vinte anos, empenhado na contemplação, na oração e penitência. Certa
noite, sonhou com Nossa Senhora, que lhe dizia para juntar-se aos monges vindos
do mosteiro de Monte Carmelo. A Ordem dos Carmelitas é uma das mais antigas e a
primeira criada em homenagem a Maria naquele mosteiro na Palestina. Mesmo não
entendendo direito o sonho, Simão obedeceu a Maria. Voltou para o castelo e aos
estudos, formou-se em teologia e recebeu as sagradas ordens. Enquanto aguardava
a chegada dos monges, percorria as aldeias visitando pobres e doentes, e
evangelizando. Em 1213, os carmelitas chegaram à Inglaterra. Simão pôde,
finalmente, receber o hábito da Ordem. Após dois anos, por seu mérito e
virtudes, foi nomeado coadjutor na direção da Ordem. E finalmente, em 1216,
ocupou o cargo de vigário-geral de todas as províncias européias. Era o período
dos mais delicados para esses monges, pois eram perseguidos por outras ordens,
e a dos carmelitas quase foi extinta. Diante das circunstâncias, Simão Stock,
então prior-geral, enviou delegados ao papa Honório III para informá-lo da
situação crucial, e pedir sua proteção. Ao mesmo tempo, convidou todos os
carmelitas a rezarem pedindo ajuda a Maria para a Ordem que lhe foi dedicada,
até que viesse a resposta de Roma. Primeiro veio a resposta da Santíssima
Virgem. Simão estava em profunda oração contemplativa quando viu aparecer a Mãe
de Deus, cercada de anjos, que lhe mostrou o santo escapulário da Ordem,
dizendo-lhe: "Este será o privilégio para ti e todos os carmelitas; quem
morrer vestindo-o, se salvará". Mandou distribuí-lo aos monges da Ordem
para tranqüilizá-los. Segundo a tradição, a aparição ocorreu no dia 16 de julho
de 1251. Depois chegou a decisão do papa Inocêncio, por meio de uma mensagem
datada de 13 de janeiro de 1252, entregue a ele pelos representantes que
voltaram. Nela, o sumo pontífice informava que declarava a existência legal da
Ordem dos Carmelitas e autorizava a continuar a criação dos seus mosteiros na
Europa. Foi assim que Simão agiu, inclusive promovendo a mudança estrutural da
Ordem, que passou da vida monástica eremítica oriental, para aquela seguida no
Ocidente, dos mendicantes ou apostólicos. A devoção ao escapulário se difundiu
rapidamente à cristandade toda, do Ocidente ao Oriente, como um sinal da
proteção maternal de Maria e do próprio empenho de seguir Jesus como sua
Santíssima Mãe. Simão morreu, com quase cem anos, em 16 de maio de 1265, no
mosteiro de Bordeaux, na França, onde foi enterrado. A festa a são Simão Stock
é celebrada, no dia 16 de maio, desde 1524, culto que a Igreja depois confirmou
e incluiu no seu calendário litúrgico.
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