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São Félix de Nicósia
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Camila Batista da Varano |
Félix nasceu em Nicósia, na Itália, em 5 de novembro de 1715,
filho de Filipe Amoroso e Carmela Pirro, de origem humilde e analfabeto. Diz o
postulador de sua causa de canonização, padre Florio Tessari: "Órfão de
pai desde seu nascimento, era proveniente de uma família que conseguia
sobreviver com muita dificuldade". Vivia próximo ao convento dos frades
capuchinhos. Freqüentava a comunidade dos frades e admirava o seu modo de
viver. Sempre que visitava o convento, sentia-se fortemente atraído por aquela
vida: alegria na austeridade, liberdade na pobreza, penitência, oração,
caridade e espírito missionário. Aos 18 anos de idade, em 1735, bateu à porta
do convento, pedindo para ser acolhido como irmão leigo, por ser analfabeto. A
resposta foi negativa. Porém insistiu muitas vezes, sem se cansar. Após dez
anos de espera, foi acolhido na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos com o nome
de irmão Félix de Nicósia. Depois do noviciado e da profissão religiosa, foi
destinado a Nicósia, onde permaneceu durante toda a vida, tornando-se, na
cidade, uma presença de espiritualidade radicada no meio do povo. Afirma o
padre Florio Tessari: "Analfabeto, mas não de Deus e de seu Espírito,
Félix entendeu que o segredo da vida não consiste em indicar, com força, a
Deus, a nossa vontade, mas em fazer sempre alegremente a vontade dele. Essa
simples descoberta lhe permitiu ver sempre, em tudo e apesar de tudo, Deus e
seu amor; particularmente onde é mais difícil identificá-lo. Deixando-se
somente invadir e preencher-se de Deus, ia imediatamente ao coração das coisas,
à raiz da vida, onde tudo se recompõe na sua originária harmonia. Para fazer
isso não precisa muita coisa, não precisa tantas palavras. Basta a essencial
sabedoria do coração onde habita, fala e age o Espírito". Morreu no dia 31
de maio de 1787. Foi beatificado pelo papa Leão XIII em 12 de fevereiro de 1888
e proclamado santo pelo papa Bento XVI no dia 23 de outubro de 2005.
Camila Batista da Varano
O príncipe Júlio César de Varano, senhor do ducado de
Camerino, era um fidalgo guerreiro e alegre, muito generoso com o povo e
sedutor com as damas. Tinha cinco filhos antes de se casar, aos vinte anos, com
Joana, filha do duque de Rimini, que completara doze anos de idade. Tiveram
três filhos. Criou todos juntos no seu palácio de Camerino, sem distinção entre
os legítimos e os naturais. Camila era sua filha primogênita, fruto de uma
aventura amorosa com uma nobre dama da corte. Nasceu em 9 de abril de 1458.
Cresceu bela, inteligente, caridosa e piedosa. Tinha uma personalidade sedutora
e divertida, apreciava dançar e cantar. Tinha herdado o temperamento do pai,
motivo de orgulho para ele, que a amava muito. Ainda criança, depois de ouvir
uma pregação sobre a Paixão de Jesus Cristo, fez um voto particular: derramar
pelo menos uma lágrima todas as sextas-feiras, recordando todos os sofrimentos
do Senhor. Porém tinha dificuldade para conciliar o voto à vida divertida que
levava, quando não conseguia vertê-la sentia-se mal toda a semana. Mas esse
exercício constante, a leitura sobre mística e o estudo da religião,
amadureceram a espiritualidade de Camila, que durante as orações das
sextas-feiras ficava tão comovida que chorava muito. Aos dezoito anos, já
sentia o chamado para a vida religiosa, mas continuava atraída pela vida e os
divertimentos da corte. Quando conseguiu afastar todas as tentações, pediu a
seu pai para ingressar num convento. Ele foi categórico e não permitiu. Camila
ficou sete meses doente por causa disso. Seu pai fez de tudo, mas ela não
desistiu. Após dois anos, acabou consentindo. Assim, aos vinte e três anos, em
1481, ingressou no mosteiro das clarissas, em Urbino, tomando o nome de irmã
Batista e vestindo o hábito da Ordem. O príncipe, entretanto, queria a filha
próxima de si. Por isso comprou um convento da região e entregou aos
franciscanos, para que o transformassem num mosteiro de clarissas. O primeiro
núcleo saiu de Urbino, trazendo nove religiosas, entre as quais irmã Camila
Batista, como a chamavam, que se tornou a abadessa do novo mosteiro de
Camerino. Os anos que se sucederam foram de grandes experiências místicas para
Camila Batista, sempre centradas na Paixão e Morte de Jesus Cristo. Escreveu o
famoso livro "As dores mentais de Jesus na sua Paixão", que se tornou
um guia de meditação para grandes santos. Depois ela própria se tornou uma
referência para as autoridades civis e religiosas que procuravam seus
conselhos. Morreu com fama de santidade, em 31 de maio de 1524, nesse mosteiro.
A cerimônia do funeral se desenvolveu no pátio interno do palácio paterno. Foi
declarada beata Camila Batista de Varano pela Igreja, para ser celebrada no dia
de sua morte.
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