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São Crispim e São Crispiniano
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São Frei Galvão
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Crispim e Crispiniano eram irmãos de origem romana Cresceram
juntos e se converteram ao cristianismo na adolescência. Ganhando a vida no
oficio de sapateiro eram muito populares, caridosos e pregavam com ardor a fé
que abraçaram. Quando a perseguição aos cristãos ficou mais insistente os dois
foram para a Gália, atual França. As tradições seculares contam que durante a
fuga, na noite de Natal, os irmãos Crispim e Crispiniano batiam as portas
buscando refúgio, mas ninguém os atendia. Finalmente foram abrigados por uma
pobre viúva que vivia com um filho. Agradecidos à Deus, quiseram recompensá-la
fazendo um novo par de sapatos para o rapazinho.Trabalharam rápido e deixaram o
presente perto da lareira. Mas antes de partir, enquanto todos ainda dormiam,
Crispim e Crispiniano rezaram pedindo amparo da Providência Divina para aquela
viúva e o filho. Ao amanhecer viram que os dois tinham desaparecido e encontraram
o par de sapatos cheio de moedas. Quando alcançaram o território francês os
dois irmãos se estabeleceram na cidade de Soissons. Alí seguiram uma rotina de
dupla jornada, isto é, de dia eram missionários e a noite, ao invés de dormir,
trabalhavam numa oficina de calçados para se sustentar e continuar fazendo
caridade aos pobres. Quando a cruel perseguição imposta por Roma chegou em
Soissons, era época do imperador Diocleciano e a Gália estava sob o governo de
Rictiovaro. Os dois irmãos foram acusados e presos. Seus carrascos os
torturaram até o limite, exigindo que abandonassem publicamente a fé cristã.
Como não o fizeram, foram friamente degolados, ganhando a coroa do martírio. O
Martirológio romano registra que as relíquias dos corpos desses dois nobres romanos
mártires estavam sepultadas na belíssima igreja de Soissons, construída no
século VI . Depois, parte delas foi transportada para Roma onde foram guardadas
na igreja de São Lourenço da via Panisperna. A Igreja celebra os Santos Crispim
e Crispiniano como padroeiros dos sapateiros no dia 25 de outubro. Essa
profissão, uma das mais antiga da humanidade, era muito descriminada, por estar
sempre associada ao trabalho dos curtidores e carniceiros. Mas o cristianismo
mudou a visão e ela foi resgatada graças o surgimento dos dois santos
sapateiros, chamados de mártires franceses.
São Frei Galvão
A Terra
Frei Antônio de Sant'Anna Galvão nasceu em Guaratinguetá. A
cidade, que se localiza no estado de São Paulo, no Vale do Paraíba, entre a
serra do Mar e a serra da Mantiqueira, teve sua origem em uma pequenina capela
erguida em louvor a Santo Antônio, pelos idos de 1630. O povoado que se
desenvolveu em torno dessa capela transformou-se, em 1651, na Vila de Santo
Antônio de Guaratinguetá que, no correr dos anos, seria palco de importantes
acontecimentos em sua vida religiosa. Do ano de 1717, ficou guardada a
lembrança do encontro, nas águas do rio Paraíba, à altura do Porto de Itaguaçu,
no "termo da Vila", da imagem de Nossa Senhora da Conceição, a
Senhora Aparecida, que é Padroeira do Brasil.Pouco tempo depois, quando corria
o ano de 1739, nascia na Vila, o menino Antônio Galvão de França. Seu batizado
se deu na Igreja Matriz, atual Catedral, que foi erguida no lugar da primitiva
capela, sempre sobre a invocação do franciscano Santo Antônio, de quem, diz a
tradição, Frei Galvão herdou os dons e a santidade. Frei Antônio de Sant'Anna
Galvão foi o primeiro dos nascidos no Brasil a ser apresentado à veneração e à
imitação de todos. Mais do que isso, porém, há muito sem memória estava
fortemente plantada no coração de sua gente. Não apenas de seus contemporâneos,
de cuja sorte participou, mas de todos que, durante mais de séculos, o
consideram como alguém muito familiar e querido. Quando, em 25 de outubro de
1998, foi solenemente apresentado pela Igreja, há muito já era venerado pelos
brasileiros, e seus milagres e graças eram conhecidos por todos.
A infância
Antônio era o quarto entre os dez filhos do comerciante e
Capitão-mor de Guaratinguetá Antônio Galvão de França, natural de Faro, em
Portugal, e de D. Isabel Leite de Barros, descendente de bandeirantes
paulistas, nascida na Fazenda dos Correas, em Pindamonhangaba. O menino cresceu
no seio de uma família católica, na casa hoje reconstruída que se situava à
esquina das antigas ruas do Hospital e do Teatro, atualmente ruas Frei Galvão e
Frei Lucas. Nesse lar, a imagem de Sant'Anna, em seu oratório, costumava reunir
todas as noites, à luz das velas, o Capitão-mor, sua mulher e seus filhos, para
as orações as novenas.Foi certamente nessas noites de preces que o menino
Antônio robusteceu sua fé e sua vocação para a vida religiosa. Narram as
crônicas que, ainda criança, Antônio já sabia dar não somente atenção mas,
igualmente, muitas esmolas aos pobres que o procuravam
Os estudos
Atendendo a seus dotes pessoais e a sua manifesta vocação
para a vida religiosa, quando tinha 13 anos, Antônio Galvão de França foi
encaminhado pelos pais para o Seminário de Belém, na cidade de Cachoeira, na
Bahia. Fundado pelo Padre Jesuíta Alexandre de Gusmão, o Seminário de Belém era
então famoso pelo alto nível de seu ensino. Todavia, devido ao fechamento desse
Seminário pelo retorno do Jesuíta para Portugal, Antônio, então com 16 anos,
retornou para Guaratinguetá, onde não mais encontrou sua mãe, que havia
falecido dois anos antes. Atendendo a seu temperamento voltado à prática do
bem, ingressou então no Convento Franciscano de São Boa Ventura de Macacu, em
Itaboraí, na Capitania do Rio de Janeiro, onde adotou, para sua vida religiosa,
o nome de Antônio de Sant'Anna Galvão, em homenagem à santa da devoção de sua
família. Sua profissão na Ordem Franciscana se deu em 1761, tendo, no ano
seguinte, se ordenado sacerdote na cidade do Rio de Janeiro. A seguir,
transferiu-se para o Convento de São Francisco, em São Paulo, onde foi admitido
para terminar seus estudos de filosofia. Na jornada que empreendeu do Convento
do Rio de Janeiro para o de São Paulo, Frei Antônio de Sant'Anna Galvão se
deteve em Guaratinguetá, para celebrar, na sua terra natal, "a primeira
missa, a principal, para gáudio geral" de sua família e de todos que
acorreram à cerimônia, realizada na Matriz de Santo Antônio, onde ele havia
sido batizado. Tinha, assim, início o seu santo sacerdócio.
O Sacerdote
Um dos primeiros atos de Frei Galvão como sacerdote foi de
fazer sua consagração como "servo e escravo" de Nossa Senhora, ato
que assinou com seu próprio sangue na data de 9 de março de 1776. Esse
episódio, dois séculos mais tarde, foi reproduzido em um quadro a óleo, de autoria
do franciscano Frei Geraldo Roderfeld, que se acha em exposição no Hospital e
Maternidade Frei Galvão, de Guaratinguetá. Em São Paulo logo se destacaram os
dotes de oratória de Frei Galvão, que foi eleito pregador, confessor de
seculares, porteiro e confessor do Recolhimento de Santa Teresa. Apresentou,
nesses misteres, um desempenho tão destacado, que a Câmara Municipal não
demorou em considerá-lo "um novo esplendor do Convento". Como
pregador, Frei Galvão sempre demonstrou extraordinário brilho e zelo no anúncio
da Palavra de Deus. Por onde andava, pelo interior do Estado e, em especial,
pelo Vale do Paraíba, os vigários e os fiéis o aguardavam com ansiedade e
disputavam sua presença para ouvirem seus sermões famosos. E Frei Galvão
"pregava, confessava, aconselhava, atendia os doentes, deixando por toda a
parte a fama de santo". Existe uma mesa, que se encontra atualmente na
Sala das Relíquias, na casa de Frei Galvão, em Guaratinguetá, vinda da igreja
Matriz de São Luiz do Paraitinga, que nessa cidade foi usada por Frei Galvão
como púlpito, para falar à grande multidão que acorria para ouvi-lo. Há
"quem vislumbre nesta mesinha, corroída, sinais dos pés do famoso pregador
e missionário...", fato que é documentado em livros e vem certificado por
antigo vigário daquela Paróquia.
O poeta
Quando em São Paulo foi fundada sua primeira Academia de
Letras, que ficou conhecida como a Academia dos Felizes, por seus dotes
literários e de orador famoso, por seu amor à natureza e às letras, notadamente
à poesia, frei Galvão foi convidado a dela participar. Por obediência ao
fundador da Academia, que era o Morgado de Mateus, que então governava a
Capitania de São Paulo, Frei Galvão aceitou o convite. Na segunda sessão
literária, realizada em março de 1770, Frei Galvão declamou com sucesso, em
latim, dezesseis peças de sua autoria, todas dedicadas a Sant'Anna, além de
dois hinos, uma ode, um ritmo e doze epigramas. São composições bem
metrificadas segundo as regras clássicas, e repassadas de profundo sentimento
religioso e patriótico.
Mosteiro da Luz
Uma das grandes realizações de Frei Galvão foi a construção
do Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição da Luz, erguido a partir de uma
capelinha quinhentista. A história desse convento, iniciado em 1774, viria a se
confundir com a própria vida de Frei Galvão. Para angariar os fundos
necessários à construção do Mosteiro, que é atualmente um dos mais importantes
documentos vivos do passado colonial paulista, nosso Frade iria percorrer,
quase sempre a pé, todo o território paulista conhecido na época. A Frei
Galvão, como arquiteto, deve-se um documento tão interessante quanto
importante: trata-se do frontispício da Igreja da Luz, riscado - e ainda
existente na parede de taipa de sua cela, no mosteiro. Mas a obra de Frei
Galvão se estende muito além da arquitetura do prédio. Ela se faz presente
notadamente na orientação espiritual dada às primeiras Irmãs, e na criação do
Estatuto da Ordem Concepcionista, onde "se entrelaçam o carisma
franciscano e o ideal concepcionista". Na igreja do Mosteiro da Luz, que
se localiza na atual Avenida Tiradentes, nº 676, na capital paulista, está o
túmulo de Frei Galvão, aí falecido a 23 de dezembro de 1822, com fama de
santidade. Esse túmulo é visitado diariamente por seus inúmeros devotos, que
sobre ele deixam os pedidos e as flores de agradecimento pelas graças
alcançadas. A obra monumental edificada por Frei Galvão há mais de dois séculos
continua, entretanto, a se expandir até os nossos dias, com a fundação de
outros vários conventos. Datado de 1811, foi erguido em Sorocaba, sob as vistas
do próprio Frei Galvão, o Recolhimento de Santa Clara. Em Guaratinguetá, vem de
1944 o Mosteiro da Imaculada Conceição, que até nossos dias segue despertando
vocações. Localiza-se atualmente nas proximidades do Seminário Seráfico Frei
Galvão, da ordem franciscana. Também no Vale do Paraíba, em Taubaté, fica o
Mosteiro da Imaculada Conceição de Santa Beatriz. Thereza Regina de Camargo
Maia - Diretora do Museu Frei Galvão
2 comentários:
A graça de Deus, em Jesus Cristo é fonte de água viva e eterna.
Venha nos visitar.
http://botefeamor.blogspot.com.br/
Abraços Fraternos
Bela História do Frei Galvão.
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