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Santo Elesbão
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São Frumêncio
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No século VI a nação etíope situada a oeste do Mar Vermelho
possuía seus maiores limites de fronteira, era um vasto reino que incluía
outros povos além dos etíopes. O soberano era Elesbão, rei católico,
contemporâneo do imperador romano Justiniano, muito estimado por todos os
súditos e seu reino era uma fonte de propagação da fé cristã. O reino vizinho,
formado pelos hameritas, era chefiado por Dunaan, que renegara a fé
convertendo-se ao judaísmo. Nesta ocasião mandou matar todos os integrantes do
clero e transformou as igrejas em sinagogas, tornando-se temido e famoso por
seu ódio declarado aos cristãos. Por isso, muitos deles, inclusive o arcebispo
Tonfar, buscaram abrigo e proteção nas terras do rei Elesbão, pois até a
própria esposa de Dunaan, chamada Duna foi morta por ele, juntamente com as
filhas, por ser cristã. Os registros indicam que houve um verdadeiro massacre
onde morreram cerca de quatro mil cristãos. Elesbão decidiu reagir àquela
verdadeira matança imposta aos irmãos católicos e declarou guerra a Dunaan.
Liderando seu povo na fé e na luta, ganhou a guerra e a vizinhança passou a ser
governada pelo rei Ariato, um cristão fervoroso. Mas ele teve de vencer outra
batalha ainda maior além dessa travada contra o inimigo, aquela contra si
mesmo. Depois de um curto período de muita oração e penitência, aceitou o
chamado de Deus. Abdicou do trono em favor do filho, seu sucessor natural, e
dividiu seus tesouros entre os súditos pobres. Assim Elesbão partiu para
Jerusalém, onde depositou sua coroa real na igreja do Santo Sepulcro e se
retirou para dentro do deserto, vivendo como monge anacoreta, até morrer em
555. No Brasil, a partir dos escravos, foi muito difundida a devoção de Santo Elesbão,
o rei negro da Etiópia. Sua festa é celebrada em todo o mundo cristão, do
ocidente e do oriente, no dia 27 de outubro, considerado o de sua morte.
São Frumêncio
Frumêncio foi o primeiro bispo missionário da Etiópia. Mas,
até que isso acontecesse, sua vida foi marcada por lances inesperados. Estes o
levaram de discípulo de filósofo a conselheiro do rei, preferido da rainha,
professor do futuro rei e, finalmente, bispo. Era o tempo do imperador
Constantino e Frumêncio estava entre os discípulos na comitiva que acompanhava
um filósofo. Voltavam de uma viagem à Índia e a embarcação parou no porto de
Adulis. Foram atacados então por ladrões etíopes que saquearam o barco e
mataram todos os passageiros e tripulantes. Todos foram mortos, menos Frumêncio
e outro adolescente, Edésio. Eles não morreram por um motivo prosaico: estavam
sob uma árvore, entretidos na leitura de um livro. Sobreviveram, mas foram
levados ao rei como escravos. Depois de conversar com eles e se admirar com sua
sabedoria, o rei Axum resolveu mantê-los no palácio. Edésio como copeiro e
Frumêncio como secretário direto. Sua influência cresceu na corte,
principalmente junto à rainha que, ao tornar-se viúva e assumir o poder,
entregou-lhe a educação de seu filho, futuro rei. Tempos depois, Frumêncio e
seu companheiro conseguiram da rainha ordem para construir uma igreja próxima
ao porto. Foi uma semente que germinou rápido na expansão do cristianismo. Tiveram
permissão, então, de voltar à pátria. Findo o tempo da escravidão, enquanto
Edésio se dirigia a Tiro, onde um historiador registrou toda a aventura,
Frumêncio foi a Constantinopla. Queria que o bispo Atanásio designasse um bispo
missionário para comandar a pregação católica na Etiópia. Atanásio não se fez
de rogado e nomeou o próprio Frumêncio. Reinava então na Etiópia o rei Exana,
grande amigo de Frumêncio e um dos primeiros a se converter, convencendo todo o
povo a acompanhá-lo. São Frumêncio, chamado pelos etíopes de "Abba
Salama", levou sua missão de missionário até os cem anos de idade.
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