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São Caetano Errico
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São Narciso |
A cidade de Secondigliano, grande e populosa do norte de
Nápoles, Itália, é mais conhecida como uma região de mafiosos do que de santos.
Os problemas dos seus habitantes são inúmeros. Dentre os principais está a
"Camorra", uma facção da máfia, e outro que se chama degradação das
estruturas, dos serviços e da consciência. Essa degradação é mais acentuada nas
partes extremas da cidade, local predileto dos traficantes de drogas, mafiosos
e das ganges. Mas Secondigliano é também a terra de um santo. Trata-se do
sacerdote Gaetano Errico, fundador da congregação "Missionários do Sagrado
Coração de Jesus e de Maria", canonizado em Roma pelo papa João Paulo II,
em 2002. A estátua de padre Gaetano é bem visível e está posicionada para ser
vista de qualquer ângulo da cidade. Com a mão direita, ele abençoa, e com a mão
esquerda, empunha o crucifixo. A sua figura é imponente, mas não apenas por se
tratar de uma estátua. Padre Gaetano era realmente grande, alto e bem forte, um
gigante na santidade e na figura humana. Em 1791, Secondigliano era chamada de
Casale Reggio da Cidade de Nápoles, uma planície com ar muito puro, porém muito
úmido ao cair do sol. Quando nasceu, em 19 de outubro de 1791, seu pai
pressentiu que nascia um futuro apóstolo do povo. O segundo de nove filhos,
Gaetano entra com 16 anos no seminário e, em 23 de setembro de 1815, é ordenado
sacerdote. A sua vida sacerdotal transcorrera toda nessa cidade, na igreja
paroquial de São Cosme e Damião. Em 1818, durante a pregação, tem uma aparição
de Santo Afonso que lhe comunica que Deus o quer fundador de uma Congregação
religiosa. O início se dá com a construção de uma igreja dedicada à Nossa
Senhora das Dores. Entre mil dificuldades, a igreja é construída e abençoada no
ano de 1830. Apenas cinco anos mais tarde, a imagem de madeira de Nossa Senhora
das Dores é adquirida e colocada no altar, onde permanece até hoje. Além da
igreja, padre Gaetano se divide com o trabalho para a construção da casa que
abrigaria a Congregação. Essa seria instituída em honra do sagrado coração de
Jesus e Maria e que empenharia padre Gaetano até o fim, quando morre aos 69
anos, em 29 de outubro de 1860. Padre Gaetano Errico foi homem de oração
(passava horas ajoelhado na igreja ou no seu quarto diante da escrivaninha), de
penitência, de constante serviço aos deveres espirituais (dedicava muito tempo
às confissões), e materiais das pessoas de Secondigliano. Hoje essa herança é
distribuída através dos sacerdotes missionários dos sagrados corações. A
memória e veneração ao padre Gaetano é ainda muito presente e forte na cidade.
O trabalho social e espiritual criado em torno da Congregação é conhecido e
testemunhado por todos da comunidade e de outras. Os sacerdotes e os
voluntários leigos ajudam os carentes e excluídos para que reencontrem sua
dignidade, com o mesmo espírito de padre Gaetano, ou seja, com seu grande amor
ao ser humano, com o verdadeiro desejo aceso de sua reconstrução interior. O
culto e as graças atribuídas ao padre Gaetano se fez forte, vigoroso e
rapidamente antes mesmo de estar em seu leito de morte. No interior da matriz
da Congregação foi feito um Museu para abrigar as várias peças testemunhais,
relatos escritos e relíquias legadas a ele ainda em vida, pelas graças
alcançadas. E hoje a comunidade secondigliana já está acostumada com a imagem
de santo Gaetano, exposta no altar da igreja de Nossa Senhora das Dores. A
exposição deveria ser temporária, até que a imagem fosse transferida para o
Museu, mas o povo não quer se separar dela. Querem que fique lá, pois assim
podem tocá-la sempre.
São Narciso
Os registros da Igreja revelam que na diocese de Jerusalém
houve um Bispo que foi eleito com quase cem anos de idade. E que ele teria
morrido com mais de cento e dezesseis anos. Um fato raro na História da Igreja
Católica. Trata-se de Narciso que não era judeu e teria nascido no ano 96. A
lembrança que se guardou dele é a de um homem austero, penitente, humilde,
simples e puro. Também que desde a infância demonstrando apego à religião
esperou a idade necessária para se tornar sacerdote. Fez um trabalho tão
admirável, amando os pobres e doentes, que a população logo o quis para
conduzir a paróquia de São Tiago. Como Bispo, a idade não pesou, governou com
firmeza e um longo período marcado por atuações importantes e vários milagres.
Presidiu o Concilio onde se decidiu que a Páscoa devia cair no domingo.
Conta-se que foi também na véspera de uma festa de Páscoa, que Narciso
transformou água em azeite para acender as lamparinas da igreja que estavam
secas. Entretanto um fato marcou tragicamente a vida de Narciso. Ele foi
caluniado, sob juramento, por três homens. Um deles disse que podia ser
queimado vivo se estivesse mentindo. O outro, que podia ser coberto pela lepra
se a acusação não fosse verdadeira. Já o terceiro empenhou a própria visão no
que dizia. Embora perdoasse seus detratores, o inocente Bispo preferiu se
retirar para o isolamento de um deserto. Mas não tardou para que os
caluniadores recebessem seu castigo. Um morreu num incêndio no qual pereceu
também toda sua família. O outro ficou leproso e o terceiro chorou tanto em
público, arrependido do crime cometido, que ficou cego. O Bispo Narciso não foi
encontrado para reassumir seu cargo e todos pensaram que tinha morrido. Assim,
dois outros Bispos o sucederam. Quando o segundo morreu, Narciso reapareceu na
cidade. O povo o acolheu com aclamação e ele foi recolocado para liderar a
diocese novamente. A última notícia que temos desse Bispo de Jerusalém está
numa carta escrita por Santo Alexandre, na qual cita que o longevo Bispo
Narciso tinha completado cento e dezesseis anos, e, como ele, exortava para que
a concórdia fosse mantida.
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