quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Santo do dia 19/11/2014: SÃO ROQUE GONZÁLEZ, SANTO AFONSO RODRIGUEZ E SÃO JOÃO DE CASTILLO

SÃO ROQUE GONZÁLEZ, SANTO AFONSO RODRIGUEZ E SÃO JOÃO DE CASTILLO
SÃO ROQUE GONZÁLEZ, SANTO AFONSO RODRIGUEZ E SÃO JOÃO DE CASTILLO
"Matastes a quem tanto vos amava. Matastes meu corpo, mas minha alma está no céu". Contam os escritos que estas palavras foram ouvidas pelos índios que assassinaram São Roque Gonzalez e seus companheiros Santo Afonso Rodrigues e São João de Castillo, em 1628. Foram palavras misteriosamente proferidas pelo coração de São Roque, no mesmo instante em que era transpassado por uma flecha. Os três santos foram jesuítas missionários martirizados na América do Sul, no tempo da colonização espanhola. Faziam parte das missões e reduções implantadas pela Companhia de Jesus entre os índios guaranis do hoje chamado cone Sul. Além de catequizar os indígenas, ensinando-lhes os princípios cristãos, estas reduções foram importantes núcleos de resistência à brutalidade dos colonizadores europeus. Não só impediam que os guaranis fossem tomados como escravos, como permitiam que mantivessem sua cultura, enquanto paralelamente aprendiam conceitos artísticos e morais ocidentais. Aprendiam também as modernas técnicas de marcenaria, alvenaria, criação doméstica de animais, plantio e colheita. Ali se implantou uma forma comunitária de viver em que todos trabalhavam para todos e tudo era dividido entre todos. Havia trabalho, arte e lazer, tudo sob o prisma da fé e de uma convivência social tão igualitária que talvez nunca se repita. Tanto sucesso fez que os colonizadores se uniram aos índios inimigos e acabaram por invadir e destruir todas as missões da região, matando seus ocupantes e pondo fim à rica e histórica experiência. Mas, até que isso acontecesse, o trabalho destes jesuítas produziu frutos de felicidade terrena e paz espiritual para os indígenas. A vida do Padre Roque Gonzalez foi exemplar. Nasceu em Assunção do Paraguai, em 1576, de tradicional família católica espanhola, e estudou com os jesuítas, recém-chegados ao país. Desde cedo se preocupou com a sorte dos guaranis, de quem aprendeu a língua e em cuja defesa lutaria por toda a vida. Para tornar-se missionário entre eles, ordenou-se sacerdote aos vinte e dois anos. Imediatamente foi destacado para trabalhar junto aos índios da Serra do Maracaju, ao norte de Assunção. Ainda uma vez foi chamado de volta à capital e nomeado cura da catedral, mas logo voltou a campo para atuar entre os índios, pois era esta sua verdadeira vocação. Para tanto, ingressou na Companhia de Jesus. Começou então a primeira de suas missões mais difíceis, perigosas e arriscadas: pacificar os terríveis guerreiros Guaicurus do Chaco que, durante setenta anos, haviam espalhado o terror por toda Assunção. Mas a catequese era, para ele, motivo de alegria. O sofrimento vinha ao enfrentar, ao lado dos indígenas, as doenças, as pestes, a fome e a violência dos inimigos. Aprendeu tudo sobre lavoura e agricultura para depois ensinar aos índios. Organizou-os, ajudou-os a superar tudo e todos com fé, disciplina e muito trabalho. A primeira missa que rezou em solo gaúcho e brasileiro foi celebrada em 3 de maio de 1626, num local inóspito onde, posteriormente, se estabeleceria a redução de são Nicolau. Fundou ainda outras quatro reduções: Candelária, Caaçapa-mirim, Assunção do Juí e Caaró. Foi na redução de Caaró que encontrou o martírio. Estava levantando um pequeno campanário na capela que acabara de construir quando índios inimigos, a mando de um terrível feiticeiro conhecido como Nheçu, atacaram o local. Padre Roque foi morto a golpes de clava de pedra. O mesmo aconteceu com Padre Afonso Rodrigues, que estava ao seu lado, e com Padre João de Castillo que se encontrava na missão de são Nicolau, também atacada. Os índios arrancaram seu coração e atravessaram-no com uma flecha. Foi aí que as misteriosas palavras foram ouvidas. Como resposta, seus assassinos atiraram o coração ao fogo, mas este milagrosamente permaneceu intacto e encontra-se, até hoje, num relicário do colégio jesuíta de Assunção. Os três foram canonizados em 1988 pelo Papa João Paulo II, em sua visita à capital do Paraguai.

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