São Bruno |
São
Bruno
Em meados do primeiro milênio depois de Cristo, Hugo, o Bispo
da diocese francesa de Grenoble, sonhou certa vez com sete estrelas que
brilhavam sobre um lugar escuro, muito deserto. Achou estranho. Algum tempo
depois, foi procurado por sete nobres e ricos, que queriam se converter à vida
religiosa e buscavam sua orientação, por causa da santidade e do prestígio do
bispo. Hugo, reconhecendo na situação o sonho que tivera, ouviu-os com atenção
e ofereceu-lhes fazer sua obra num lugar de difícil acesso, solitário, árido e
inóspito. Assim tiveram todo seu apoio episcopal. Estes homens buscavam apenas
o total silêncio e solidão para orar e meditar. Tudo o que desejavam, ou seja,
queriam atingir a elevação espiritual, cortando definitivamente as relações com
as coisas mundanas. Eles eram Bruno e seus primeiros seis seguidores e a ordem
que fundaram, a dos monges Cartuxos. Bruno era um nobre e rico fidalgo alemão,
que nasceu e cresceu na bela cidade de Colônia, em 1035. Sua família era
conhecida pela piedade e fervorosa devoção cristã. Cedo aquele jovem elegante
resolveu abandonar a vida de vaidades e prazeres, que considerava inútil, sem
sentido e improdutiva. Como era propício à nobreza foi estudar na França e
Itália. Na primeira concluiu os estudos na escola da diocese de Reims, onde
também se ordenou e posteriormente lecionou teologia. Como aluno teve inclusive
um futuro Papa. Mas também conhecia a fama de santidade do Bispo de Grenoble,
por isto foi que decidiu procura-lo. Assim, no lugar indicado por ele, Bruno
liderou a construção da primeira casa de oração, com pequenas celas ao redor.
Nascia a Ordem dos monges Cartuxos, cujas regras foram aprovadas em 1176, mas
ele já havia morrido. Alí, ele e seus discípulos se obrigaram ao silêncio
permanente e absoluto. Oravam, trabalhavam, repousavam e comiam, mas no mais
absoluto e total silêncio. Em 1090 o Sumo Pontífice era seu ex-aluno, que
tomando o nome de Papa Urbano II, chamou Bruno para ser seu conselheiro. Ele
devendo obediência abandonou aquele lugar ermo que amava profundamente. Porém,
não resistiu muito em Roma. Logo obteve aprovação do Papa para seu mosteiro de
Grenoble e também a autorização para fundar outra casa da Ordem dos Cartuxos,
na Calábria, num local ermo chamado bosque de La Torre, hoje chamado Serra de
São Bruno, província de Vito Valentia. Viveu assim recolhido até que adoeceu
gravemente. Chamou então os irmãos e fez uma confissão pública da sua vida e
reiterou a profissão da sua fé, entregando o espírito a Deus, em 06 de outubro
de 1101. Gozando de fama de santidade, seu culto ganhou novo impulso em 1515.
Na ocasião o seu corpo, enterrado no cemitério no convento de La Torre, foi
exumado e, encontrado completamente intacto, tendo assim sua celebração confirmada.
Em 1623, o Papa Gregório XV declarou Santo, Bruno. Seguindo o carisma de seu
fundador, a Ordem dos Cartuchos é uma das mais austeras da Igreja católica e
seguiu assim ao logo dos tempos como ele mesmo previu: "nunca será
reformada, porque nunca será deformada". Entretanto, atualmente conta
apenas com dezenove mosteiros espalhados pelo mundo todo.
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