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Santo Afonso Rodrigues
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São Wolfgang
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Santo Afonso Rodrigues
A Companhia de Jesus gerou padres e missionários santos que
deixaram a assinatura dos jesuítas na história da evangelização e na história
da humanidade. Figuras ilustres que se destacaram pela relevância de suas obras
sociais cristãs em favor das minorias pobres e marginalizadas, cujas
contribuições ainda florescem no mundo todo. Entretanto de suas fileiras saíram
também santos humildes e simples, que pela vida entregue a Deus e servindo
exclusivamente ao próximo, mostraram o caminho de felicidade espiritual aos
devotos e discípulos. Valorosos personagens quase ocultos, que formam gerações
e gerações de cristãos e, assim, sedimentam a sua obra no seio das famílias
leigas e religiosas. Um dos mais significativos desses exemplos é o irmão leigo
Afonso Rodrigues, natural de Segóvia, Espanha. Nascido em 25 de julho de 1532,
pertencia a uma família pobre e profundamente cristã. Após viver uma sucessão
de fatalidades pessoais, Afonso encontrou seu caminho na fé. Tudo começou
quando Afonso tinha dezesseis anos. Seu pai, um simples comerciante de tecidos,
morreu de repente. Vendo a difícil situação de sua mãe, sozinha para sustentar
os onze filhos, parou de estudar. Para manter a casa, passou a vender tecidos,
aproveitando a clientela que seu pai deixara. Em 1555, aconselhado por sua mãe,
casou e teve dois filhos. Mas novamente a fatalidade fez-se presente no seu
lar. Primeiro, foi a jovem esposa que adoeceu e logo morreu; em seguida, faleceram
os dois filhos, um após o outro. Abatido pelas perdas, descuidou dos negócios,
perdeu o pouco que tinha e, para piorar, ficou sem crédito. Sem rumo, tentou
voltar aos estudos, mas não se saiu bem nas provas e não pôde cursar a
Faculdade de Valência. Afonso entrou, então, numa profunda crise espiritual.
Retirado na própria casa, rezou, meditou muito e resolveu dedicar sua vida
completamente a serviço de Deus, servindo aos semelhantes. Ingressou como irmão
leigo na Companhia de Jesus em 1571. E foi um noviciado de sucesso, pois foi
enviado para trabalhar no colégio de formação de padres jesuítas em Palma, na
ilha de Maiorca, onde encontrou a plena realização da vida e terminou seus
dias. No colégio, exerceu somente a simples e humilde função de porteiro, por
quarenta e seis anos. Se materialmente não ocupava posição de destaque,
espiritualmente era dos mais engrandecidos entre os irmãos. Recebera dons
especiais e muitas manifestações místicas o cercavam, como visões, previsões,
prodígios e cura. E assim, apesar de porteiro, foi orientador espiritual de
muitos religiosos e leigos, que buscavam sua sabedoria e conselho. Mas um se
destacava. Era Pedro Claver, um dos maiores missionários da Ordem, que jamais
abandonou os seus ensinamentos e também ganhou a santidade. Outro foi o
missionário Jerônimo Moranto, martirizado no México, que seguiu, sempre, sua
orientação. Afonso sofreu de fortes dores físicas durante dois anos, antes de
morrer em 31 de outubro de 1617, lá mesmo no colégio. Foi canonizado em 1888,
pelo papa Leão XIII, junto com são Pedro Claver, seu discípulo, conhecido como
o Apostolo dos Escravos. Santo Afonso Rodrigues deixou uma obra escrita
resumida em três volumes, mas de grande valor teológico, onde relatou com
detalhes a riqueza de sua espiritualidade mística. A sua festa litúrgica é
comemorada no dia de sua morte.
São Wolfgang
No final do século I surgiu o novo contorno político dos
países da Europa. Entre os construtores desse novo mapa europeu está o bispo
são Wolfgang, também venerado como padroeiro dos lenhadores. Nascido no ano
924, na antiga Suábia, região do sudoeste da Alemanha, aos sete anos foi
entregue à tutela de um sacerdote. Cresceu educado no Convento beneditino de
Constança. Considerado um exemplo, nos estudos e no seguimento de Cristo, era
muito devoto da eucaristia e tinha vocação para a vida religiosa. Saiu do
colégio em 956, sem receber ordenação, para ser conselheiro do bispo de Trèves.
Cargo que associou ao de professor da escola da diocese, onde arrebatava os
alunos com sua sabedoria e empolgante maneira de ensinar. Com a morte do bispo
em 965, decidiu retirar-se no Mosteiro beneditino da Suíça. Três anos depois,
terminado o noviciado, ordenou-se sacerdote e foi evangelizar a Hungria. Na
época, esses povos bárbaros tentavam firmar-se como nação, mas continuavam a
invadir e saquear os reinos alemães, promovendo grandes matanças de cristãos.
Wolfgang foi bem aceito e iniciou com sucesso a cristianização dos húngaros,
organizando esses povos a se firmarem na terra como agricultores. Assim,
começou a mostrar seu valor de pregador, pacificador e diplomata político
também. Pouco tempo depois, em 972, era nomeado bispo de Ratisbona. Ratisbona,
cidade da Baviera, cujos vales dos rios Reno e Naab ligam as terras da Boêmia,
que dependiam daquela diocese, ou seja, do bispo Wolfgang. Lá, ele, novamente,
foi mestre e discípulo, professor e aprendiz. Mas foi, principalmente, o grande
evangelizador e coordenador político. Caminhava de paróquia em paróquia dando
exemplos de religiosidade e caridade, pregando e ensinando a irmãos, padres e
leigos. Sua fé e dedicação ao trabalho trouxeram-lhe fama, e até o próprio
duque da Baviera confiou-lhe os filhos para educar. Foi a atitude acertada,
porque Henrique, o filho mais velho do duque, tornou-se imperador da Baviera.
Bruno, o segundo filho, foi bispo exemplar, como seu mestre. A filha, Gisela,
foi um modelo de rainha católica na história da Hungria. E finalmente, a outra
filha, Brígida, tornou-se abadessa de um mosteiro fundado pelo bispo Wolfgang.
Mas esse não foi o único mosteiro que criou, foram vários, além dos
restaurados, das igrejas, hospitais, casas de repouso para velhos e creches
para crianças, também fundados e administrados sob sua orientação. Sua visão
evangelizadora era tão ampla que passava pelo curso político da história.
Assim, surpreendeu os poderosos da época e até os superiores do clero quando
decidiu separar da diocese de Ratisbona as terras da Baviera, para criar uma
nova, com sua sede episcopal em Praga. Apesar das reclamações, agiu
corretamente e fundou a diocese de Praga, que em 976 teve seu primeiro bispo,
Tietemaro, depois sucedido pelo grande santo Alberto, doutor da Igreja. Desse
modo, robusteceu a missão evangelizadora e o cristianismo firmou raízes nas
terras germânicas. Em 974, devido à luta entre Henrique II da Baviera e o
imperador Oto II da Alemanha, refugiou-se num mosteiro em Salzburg. E não
perdeu tempo, erguendo, ali perto, uma igreja dedicada a são João Batista, que
depois foi aumentada, reformada e, em sua memória, recebendo o seu nome.
Wolfgang fazia uma viagem evangelizadora pela Áustria quando adoeceu. Morreu
alguns dias depois, em Pupping, no dia 31 de outubro de 994. Foi canonizado em
1052, pelo papa Leão IX. A festa de são Wolfgang, celebrada no dia de sua
morte, é uma das mais tradicionais da Igreja, especialmente entre os povos
cristãos de língua germânica.
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