![]() |
Santa Bertila
|
![]() |
Guido Maria Conforti
|
![]() |
São Zacarias e santa Isabel |
Século VII. Na França, a pequena Bertila, nascida em 630, de
pais nobres e piedosos, não sentia satisfação com a vida fútil só de folguedos
e festas. Com o passar dos anos, aumentou essa insatisfação e a certeza de que
não encontraria a felicidade nos prazeres que o mundo oferecia, nas aldeias e
nos palácios. Dizia sempre que sua vida estava destinada à caridade e à
humildade a serviço de Deus. E assim aconteceu. No início da adolescência, a
seu pedido e com aprovação dos pais, ingressou no Mosteiro beneditino de
Jouarre, próximo de Paris. A superiora era a própria santa Teodequildes, que
logo percebeu a extrema vocação de Bertila. De fato, mesmo com pouca idade, ela
assumiu com dedicação vários cargos de responsabilidade. Acabou sendo indicada
para dirigir o novo Mosteiro de Chelles, fundado pela rainha Batildes, esposa
do rei Clóvis II, e construído também nos arredores de Paris. Bertila foi para
lá no ano 659, como abadessa. O fervor que transmitia na piedade e caridade
contagiou todas as religiosas. A fama de celeiro de santidades do mosteiro
ganhou as cortes de toda Europa. E os pedidos para ingressar no Mosteiro de
Chelles começaram a chegar de todos os lugares. Eram dezenas e mais dezenas de
mulheres que queriam seguir o exemplo de humildade da abadessa Bertila,
abandonando a nobreza para dedicar a vida à penitencia, oração e caridade, aos
pobres e doentes abandonados. Assim, no Mosteiro de Chelles ingressaram várias
princesas e rainhas. Até mesmo a sua fundadora, rainha Batildes, que,
influenciada pela jovem abadessa, trocou a coroa pelo hábito beneditino. A
incansável santa Bertila, como era chamada por todos ainda em vida, dirigiu a
instituição por quarenta e seis anos, até morrer em 5 de novembro de 705. O seu
corpo foi sepultado no cemitério do mosteiro, local que logo se tornou rota de
peregrinação dos fiéis, desejosos de agradecer a intercessão da querida santa.
Mais tarde, o culto foi confirmado pela Igreja e também a festa de santa
Bertila, que ocorre no dia de sua morte. As suas relíquias, hoje, estão
guardadas na bela Catedral de Chelles.
São Zacarias e santa Isabel
Embora os nomes desses santos não estejam presentes no
calendário litúrgico da Igreja, há muitos séculos a tradição cristã consagrou
este dia à veneração da memória de são Zacarias e santa Isabel, pais de são
João Batista. Encontramos a sua história narrada no magnífico evangelho de são
Lucas, onde ele descreveu que havia, no tempo de Herodes, rei da Judéia, um
sacerdote chamado Zacarias, da classe de Abias; a sua mulher pertencia à
descendência de Aarão e se chamava Isabel. Eles viviam na aldeia de Ain-Karim e
tinham parentesco com a Sagrada Família de Nazaré. Foram escolhidos por Deus
por sua fé inabalável, pureza de coração e o grande amor que dedicavam ao
próximo. Isabel, apesar de sua santidade, era estéril: uma vergonha para uma
mulher hebréia, que era prestigiada somente através da maternidade. Mas foi por
sua esterilidade que ela se tornou uma grande personagem feminina na historia
religiosa do Povo de Deus. Juntos, foram os protagonistas dos momentos que
antecederam o mais incrível advento da historia da humanidade: a encarnação de
Deus entre os seres humanos. Estavam velhos, com idade avançada, e como não
tinham filhos, julgavam essa graça impossível de ser alcançada. Foi quando o
anjo do Senhor apareceu ao velho sacerdote Zacarias no templo e disse-lhe que
sua mulher, Isabel, teria um filho que teria o nome de João, que significa
"o Senhor faz graça". O menino seria repleto do Espírito Santo desde
a gestação de sua mãe, reconduziria muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu
Deus e seria precursor do Messias. Zacarias, inicialmente, manteve-se incrédulo
ante o anúncio celeste do nascimento de um filho pelo qual havia rezado com
tanto ardor; para que pudesse crer, precisou de um sinal: ele ficou mudo até
que João veio à luz do mundo. Na ocasião, sua voz voltou e ele entoou o salmo
profético em que, repleto do Espírito Santo, profetizou a missão do filho.
Enquanto isso, devido à proximidade da maternidade, Isabel recolheu-se por
cinco meses, para estar em união com Deus. Os dias ela dividia em três
períodos: de silêncio, oração e meditação. E foi assim que Isabel, grávida de
João e inspirada pelo Espírito Santo, anunciou à Virgem Maria, sua prima,
quando esta a visitou: "Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o
fruto do teu ventre". Após o nascimento de João, Zacarias e Isabel
recolheram-se à sombra da fama do filho, como convém aos que sabem ser o
instrumento do Criador. Com humildade, alegraram-se e satisfizeram-se com a
santidade da missão dada ao filho, sendo fiéis a Deus até a morte.
Guido Maria Conforti
Guido Maria Conforti nasceu no dia 30 de março de 1865, em
Ravadese, província de Parma, norte da Itália. Filho de pais piedosos, foi
educado no amor a Deus e ao próximo. Concluiu o estudo elementar com irmãos das
escolas cristãs. Nessa oportunidade, seu pai compreendeu que o sonho de ver o
filho dirigindo os negócios agrícolas da família jamais seria realizado. Guido
tinha vocação para a vida religiosa. Assim, ingressou no seminário, estimulado
pelos pais. Lá, após ler a biografia de são Francisco Xavier, foi a vez de
Guido abraçar um sonho: ir para a China, continuar a missão do santo. Aos
dezessete anos de idade, enfrentou dificuldades de saúde, o mal da epilepsia,
que quase o impediu de continuar. Rezou para Nossa Senhora com muita fé e
obteve a graça para superar a doença. Em 1888, recebeu a ordenação sacerdotal.
Mas foi designado para professor do seminário e depois nomeado vice-reitor. O
que fez o sonho das missões no Oriente permanecer adormecido no seu coração.
Aos vinte e oito anos, quando Guido Conforti já era cônego da catedral de
Parma, decidiu que era hora de executar seu sonho. Dois anos depois, em 1895,
devido à falta de recursos, fundou a Congregação dos Missionários Xaverianos
para a Evangelização dos Não-Cristãos, hoje chamado apenas de Instituto
Xaveriano. Nessa época, seu pai morreu e toda a herança que recebeu aplicou na
sua Obra. Comprou uma casa, onde abrigou os primeiros dezessete seminaristas.
Não precisou aguardar muito, pois em março de 1899 os dois primeiros xaverianos
seguiram em missão para a China. Pouco depois, em 1902, o próprio fundador
emitiu os votos religiosos e recebeu o hábito dos xaverianos, em Roma, para
dedicar-se só às missões. Entretanto qual não foi sua surpresa ao ser nomeado
arcebispo de Ravena. Obediente, Guido Conforti assumiu o posto. Um ano depois,
por motivos de saúde, pediu à Santa Sé para poder renunciar o cargo. Voltou
para Parma, onde trabalhou na consolidação da sua Obra. Ocorre que o carisma do
Instituto atendia plenamente os anseios da Igreja, que nesse período estava
instalando a prefeitura apostólica de Honan, na China. Foi então que a Santa Sé
confiou essa administração ao Instituto Xaveriano, em 1906. Desde então,
pequenos grupos de missionários xaverianos começaram a seguir para o Oriente.
Em 1907, Guido Conforti foi novamente solicitado para o serviço episcopal. Agora,
como auxiliar do bispo de Parma, depois como seu sucessor. Administrou a
diocese por vinte e cinco anos, numa intensa atividade: foram dois sínodos e
cinco visitas pastorais nas trezentas paróquias. Enquanto isso o Instituto
também se expandia por toda a Itália. A alegria estampava o rosto do fundador,
quando, em 1912, na condição de bispo de Parma, ele consagrou, naquela
catedral, o primeiro bispo xaveriano, Luigi Calza, nomeado para Cheng-Chow, na
China. O Instituto consolidava-se cada vez mais no mundo. Mas para que a Obra
ficasse completa, ele criou, junto com padre Paulo Manna, a União Missionária
do Clero, sendo eleito o primeiro presidente. Guido Conforti viajou só uma vez
para a China, em 1928, para visitar e encorajar os seus filhos xaverianos. Depois
de algum tempo, morreu, com apenas sessenta e seis anos, no dia 5 de novembro
de 1931. Mas a sua Obra floresceu em 1945, quando foi fundado o Instituto das
Missionárias de Maria, ou xaverianas, pelo padre Giacomo Spagnolo e a leiga
Celestina Bottego. Em 1996, o papa João Paulo II proclamou-o bem-aventurado.
Atualmente, os xaverianos e as xaverianas dirigem e trabalham em vários países
de todos os continentes, inclusive no Brasil. A festa do bem-aventurado Guido
Maria Conforti ocorre no dia de sua morte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário