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Dia de Reis e da Epifania do Senhor
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São Julião e Santa Basilissa |
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São Carlo de Sezze |
O "Dia de Reis" é uma das festas tradicionais mais
singelas celebrada em todo o mundo católico. Neste dia se comemora a visita de
um grupo de reis magos (Mateus 2 1 -12), vindos do Oriente, para adorar a
"Epifania do Senhor". Ou seja, o nascimento de Jesus, o Filho por
Deus enviado, para a salvação da humanidade. O termo "mago" vem do
antigo idioma persa e serviu para indicar o país de suas origens: a Pérsia.
Eram reis, porque é um dos sinônimos daquela palavra, também usada para nomear
os sábios discípulos de uma seita que cultuava um só Deus. Portanto, não eram
astrólogos nem bruxos, ao contrário, eram inimigos destas enganosas artes
mágicas e misteriosas. Esses soberanos corretos, esperavam pelo Salvador,
expectativa já presente mesmo entre os pagãos. Deus os recompensou pela retidão
com a maravilhosa estrela, reconhecida pela sabedoria de suas mentes como o
sinal a ser seguido, para orientação dos seus passos até onde se achava o
Menino Deus. Foram eles que mostraram ao mundo o cumprimento da profecia de
séculos, chegando no palácio do rei Herodes, de surpresa e perguntando
"pelo Messias, o recém-nascido rei dos judeus". Nesta época aquele
tirano reprimia a população pelo medo, com ira sanguinária. Mas os magos não o
temeram, prosseguiram sua busca e encontraram o Menino Deus. A Bíblia diz que
os magos chegaram à casa e viram o Menino com sua Mãe. Isto porque José já
tinha providenciado uma moradia muito pobre, mas mais apropriada, do que a
gruta de Belém onde Jesus nascera. Alí, os reis magos, depois de adorar o
Messias, entregaram os presentes: ouro, incenso e mirra. O ouro, significa a
realeza de Jesus; o incenso, sua essência divina e a mirra, sua essência
humana. Prestada a homenagem, voltaram para suas nações, evitando novo contato
com Herodes, como lhes indicou o anjo do Senhor. A tradição dos primeiros
séculos, seguindo a verdade da fé, evidenciou que eram três os reis magos:
Melquior, Gaspar e Baltazar. Até o ano 474 seus restos estiveram sepultados em
Constantinopla, a capital cristã mais importante do Oriente, depois foram
trasladados para a catedral de Milão, na Itália. Em 1164 foram transferidas
para a cidade de Colônia, na Alemanha, onde foi erguida a belíssima Catedral
dos Reis Magos, que os guarda até hoje. No século XII, com muita inspiração,
São Beda, venerável doutor da Igreja, guiado por uma inspiração, descreveu o
rosto dos três reis magos, assim: "O primeiro, diz, foi Melquior, velho,
circunspecto, de barba e cabelos longos e grisalhos... O segundo tinha por nome
Gaspar e era jovem, imberbe e louro... O terceiro, preto e totalmente barbado
chamava-se Baltazar (cfr. "A Palavra de Cristo", IX, p. 195)".
Deus revelou seu Filho ao mundo e ordenou que o acatassem e seguissem. Os reis
magos fizeram isto com toda humildade, gesto que simboliza o reconhecimento do
mundo pagão desta Verdade. Isso é o mais importante a ser festejado nesta data.
A revelação, isto é, a Epifania, que confirma a divindade do Santo Filho de
Deus feito homem, que no futuro sacrificaria a própria vida em nome da salvação
de todos nós.
São Julião e Santa Basilissa
É um casal para figurar na história da Igreja com louvores.
Julião era filho de um casal cristão muito devoto e rico que lhe deu uma
educação esmerada e requintada, desde a tenra idade. Depois, desejosos de ver o
filho bem casado, para constituir uma sólida e cristã família, decidiram
consolidar o seu matrimônio, aos dezoito anos, com a jovem Basilissa.
Extremamente obediente, o rapaz que nunca havia mencionado seu voto de
castidade à família, realizou o sonho dos pais e se casou com a bela e suave
jovem, que como ele procedia de uma prospera e bem situada família seguidora dos
mesmos preceitos cristãos que a de seu noivo. Uma vez casados, Julião com
gentileza conversou com a esposa Basilissa e juntos fizeram um pacto de
consagração a Deus, para se dedicarem a Seu serviço, apesar do sacramento
matrimonial . Assim a união carnal não se concretizou e ambos permaneceram
virgens. Somente, após a morte dos pais é que os dois puderam viver a vida
espiritual na plenitude almejada. Usando seus bens, cada um fundou um mosteiro:
Julião, o masculino e Basilissa, o feminino. Com o saldo do patrimônio
mantinham várias obras de caridade e sustentavam os mosteiros que funcionavam
também como hospitais, para atendimento dos mais necessitados. O de Basilissa
atendia especialmente aos leprosos. Nesse período o Cristianismo vivia os seus
tempos mais trágicos, o das perseguições sanguinárias impostas em todo o
Império pelos tiranos Diocleciano e Maximiano. Em auxílio aos cristãos surgiu
Julião que abrigou em seu mosteiro dezenas deles, que procuravam refugio das
implacáveis investidas. Porém foi denunciado e viu aos poucos todos serem
"julgados" e condenados ao suplício e à morte pelo testemunho da fé.
Até que chegou sua vez. Como se recusou a adorar os ídolos pagãos e renegar a
fé em Cristo foi martirizado por um longo período. Segundo os registros dessa
época arquivados pela Igreja, o período foi descrito como de muitas torturas e
sofrimento, mas também de muitos prodígios e graças ocorridos através das mãos
de Julião. Julião foi finalmente assassinado e pôde descansar em paz em 9 de
janeiro de 302. Enquanto Basilissa, conseguiu ser poupada, vivendo junto aos
mais miseráveis e pobres leprosos os quais tratava como filhos. Ela morreu
algum tempo depois, dizem em 18 de novembro de 304, tendo promovido muitos
prodígios de cura e graças. A Igreja reverencia a memória do casal, Santo
Julião e Santa Basilissa, no dia 6 de janeiro, conforme o último ajuste oficial
feito no Martirológio Romano. Nele também encontramos a correção de suas
origens citada antes como sendo da Antioquia mas que se comprovou ser de Antinoe
capital de Tebaide, no Egito. Entretanto, algumas regiões do Oriente ainda os
celebram no dia 09 de janeiro.
São Carlo de Sezze
Curiosamente, no Convento Franciscano de Lazio, chegavam
leigos e personalidades da Igreja a fim de confidenciarem seus problemas ao
cozinheiro. Aliás, esse cozinheiro era também o jardineiro e o porteiro do
convento e seu nome era Carlo. Nascido em 22 de outubro de 1613, em Sezze,
Itália, Carlo era um irmão leigo, pessoa humilde, submissa e sempre muito
contente. Descontentes estavam seus familiares, os Melchiori ou Marchionne,
cujas propriedades rurais se perdiam de vista. Seus familiares tinham outros
planos para Carlo, pois queriam que ele estudasse e fizesse carreira. Porém,
poucos anos depois, Carlo era garçom numa cantina de fazenda, em fuga dos
estudos por causa de um professor severo. Mas Carlo lia por conta própria,
levando uma vida de ermitão e de santo. Depois, já aos 22 anos, estava entre os
franciscanos. A essa altura, os familiares o queriam sacerdote, mas ele seria
sempre frei Carlo, mais nada, sem graduação alguma. Carlo passou por inúmeros
conventos franciscanos, sempre trabalhando, recolhendo esmolas, socorrendo
doentes e moribundos em suas casas. Com o transcorrer dos anos, desponta nele o
explorador de consciências, o modificador de atitudes e comportamentos, e essa
fama corre por toda Igreja. Embora Carlo cuidasse apenas da horta e da cozinha
do convento, sempre acontecia ser enviado para outras cidades para que pudesse
aconselhar bispos e cardeais. Um dia recebe uma incumbência, diretamente do
Papa Clemente IX (1667-69): "Frei Carlo, dizem que na cidade de Perúgia há
uma madre santa, vá lá e verifique pessoalmente a veracidade da situação".
Uma grande responsabilidade para um simples cozinheiro. Frei Carlo tinha pouca
instrução, mas escrevia belíssimas páginas espirituais e autobiográficas, numa
gramática acidentada, porém, eficiente. Também não lhe faltaria sua porção de
Calvário, com acusações de uma mulher mundana. Consideradas depois, calúnias,
mas que fizeram o frei adoecer por alguns anos. Após uma viagem a Úmbria, frei
Carlo falece em 6 de janeiro de 1670, no Convento de São Francisco, na cidade
de Roma. E no seu peito se descobre um sinal estranho, como uma cicatriz.
Posteriormente, uma comissão médica declararia que esse sinal é de origem
sobrenatural. Em vida, frei Carlo falava de "um raio de luz" que o
havia atingido no peito, em 1648, numa igreja romana, durante êxtase profundo
com Deus. O pedido de sua canonização foi feito pouco tempo após sua morte, mas
seria concluído somente em 1959, pelo Papa João XXIII, que o proclamou santo.
Seu corpo é conservado na igreja do convento onde faleceu e sua festa é
celebrada no dia seguinte ao da sua morte, para não coincidir com a Epifania.
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