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Santo Sérgio
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Tomás Maria Fusco |
Sérgio, mártir da Cesarea, na Capadócia, por muito pouco não
se manteve totalmente ignorado na história do cristianismo. Nada foi escrito
sobre ele nos registros gregos e bizantinos da Igreja dos primeiros tempos.
Entretanto, ele passou a ter popularidade no Ocidente, graças a uma página
latina, datada da época do imperador romano Diocleciano, onde se descreve todo
seu martírio e o lugar onde foi sepultado. O texto diz que no ano 304, vigorava
a mais violenta perseguição já decretada contra os cristãos, ordenada pelo
imperador Diocleciano. Todos os governadores dos domínios romanos, sob pena do
confisco dos bens da família e de morte, tinham de executá-la. Entretanto
alguns, já simpatizantes dos cristãos, tentavam em algum momento amenizar as
investidas. Não era assim que agia Sapricio, um homem bajulador, oportunista e
cruel que administrava a Armênia e a Capadócia, atual Turquia. A narrativa
seguiu dizendo que durante as celebrações anuais em honra do deus Júpiter,
Sapricio, estava na cidade de Cesarea da Capadócia, junto com um importante
senador romano. Num gesto de extrema lealdade, ordenou que todos os cristãos da
cidade fossem levados para diante do templo pagão, onde seriam prestadas as
homenagens àquele deus, considerado o mais poderoso de todos, pelos pagãos.
Caso não comparecessem e fossem denunciados seriam presos e condenados à morte.
Poucos conseguiram fugir, a maioria foi ao local indicado, que ficou tomado
pela multidão de cristãos, à qual se juntou Sérgio. Ele era um velho
magistrado, que há muito tempo havia abandonado a lucrativa profissão para se
retirar à vida monástica, no deserto. Foi para Cesarea, seguindo um forte
impulso interior, pois ninguém o havia denunciado, o povo da cidade não se
lembrava mais dele, podia continuar na sua vida de reclusão consagrada, rezando
pelos irmãos expostos aos martírios. A sua chegada causou grande surpresa e
euforia, os cristãos desviaram toda a atenção para o respeitado monge, gerando confusão.
O sacerdote pagão que preparava o culto ficou irado. Precisava fazer com que
todos participassem do culto à Júpiter, o qual, segundo ele, estava
insatisfeito e não atendia as necessidades do povo. Desta forma, o imperador
seria informado pelo seu senador e o cargo de governador continuaria com
Sapricio. Mas, a presença do monge produziu o efeito surpreendente de apagar os
fogos preparados para os sacrifícios. Os pagãos atribuíram imediatamente a
causa do estranho fenômeno aos cristãos, que com suas recusas haviam irritado
ainda mais o seu deus. Sérgio, então se colocou à frente e explicou que a razão
da impotência dos deuses pagãos era que estavam ocupando um lugar indevido e
que só existia um único e verdadeiro Deus onipotente, o venerado pelos cristãos.
Imediatamente foi preso, conduzido diante do governador, que o obrigou a
prestar o culto à Júpiter. Sérgio não renegou a Fé, por isto morreu decapitado
naquele mesmo instante. Era o dia 24 de fevereiro. O corpo do mártir, recolhido
pelos cristãos, foi sepultado na casa de uma senhora muito religiosa. De lá as
relíquias foram transportadas para a cidade andaluza de Ubeda, na Espanha.
Tomás Maria Fusco
Tomás Maria Fusco nasceu em Pagani, uma pequena cidade
italiana do Vale do Sarno, no dia 1º de dezembro de 1831. Seus pais, íntegros
na conduta moral e religiosa, formaram uma família de oito filhos educados na
piedade cristã. Aos oito anos ficou órfão, encontrando o amparo do tio e do
irmão, ambos sacerdotes, que cuidaram de sua formação e educação, direcionadas
para a vida religiosa, conforme seu próprio desejo. Em 1847, entrou no
seminário diocesano de Nocera, situado naquele mesmo Vale, onde completou os
estudos teológicos e foi ordenado sacerdote. Desde o início do seu ministério
abriu espaços e se dedicou à formação e aos cuidados das crianças, para as
quais abriu em sua casa uma escola matinal. Com elas, padre Tomás Maria
costumava passar em santa alegria os dias de festa. Na igreja da paróquia,
restabeleceu a capela noturna para os jovens e adultos, a fim de promover sua
formação humana e cristã. Foi admitido na congregação dos missionários de São
Vicente de Paulo, em 1857, tendo percorrido um longo itinerário missionário,
especialmente nas regiões da Itália meridional. Três anos depois, quando foi nomeado
capelão do santuário de Nossa Senhora do Carmo, em Pagani, desenvolveu as
associações católicas masculinas e femininas, ergueu um altar para o culto ao
Crucificado e criou a Pia União ao Preciosíssimo Sangue de Jesus. Ele fundou,
também na sua casa, em 1862, uma Escola de Teologia Moral para os sacerdotes
destinada à sua habilitação para o ministério do confessionário, onde eram
inflamados no amor ao Sangue de Cristo. Nesse mesmo ano, instituiu a
"Companhia do Apostolado Católico" para as missões populares. O amor
a Deus e amor ao próximo despertavam nele outra urgência: criar uma nova
família religiosa destinada a cuidar das crianças abandonadas, particularmente
dos órfãos, a quem ele privilegiava com sua ternura paterna. Após uma longa
preparação na oração e inspirado pela Virgem Santíssima, em 1873, ele fundou a
congregação das "Filhas da Caridade do Preciosíssimo Sangue". A obra
iniciou com seu bispo, Dom Amirante, entregando o hábito para três religiosas e
abençoando o orfanato, inaugurado com sete órfãs pobres. Neste momento da
fundação, ele também foi advertido pelo seu bispo, que disse: "Você
escolheu o título do Preciosíssimo Sangue? Pois bem, prepare-se para beber o
cálice amargo". De fato, o seu ministério bem realizado, sua vida de
sacerdote exemplar, foi alvo de inveja e calúnia, lançada em 1880. Ele padeceu
em silêncio com humilhações e perseguições, mas, foi com amor e sustentado pelo
Senhor que carregou sua árdua cruz. Morreu no dia 24 de fevereiro de 1891,
debilitado pela doença crônica no fígado, aos cinqüenta e nove anos. Padre
Tomás Maria Fusco foi Apóstolo da Caridade do Preciosíssimo Sangue, viveu
amando os pobres e morreu perdoando os inimigos. Gozava da fama de santidade no
meio do clero, do povo em geral e das suas filhas espirituais, hoje encontradas
em várias regiões do mundo. O papa João Paulo II o beatificou em 2001 e o dia
de sua morte determinado para a festa litúrgica.
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