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São Simplício
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Henrique Suso
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Simplício nasceu na cidade italiana de Tivoli e seu pai se
chamava Castino. Depois disso, os dados que temos dele se referem ao período
que exerceu a direção da Igreja, aliás uma fase muito difícil da História da
Humanidade: a queda do Império Romano. Ao contrário do que se podia esperar,
teve um dos pontificados mais longos do seu tempo, quinze anos, de 468 a 483.
Nessa época, Roma , depois de resistir às invasões de godos, visigodos, hunos,
vândalos e outros povos bárbaros, acabou sucumbindo aos hérulos, chefiados pelo
rei Odoacro, que era adepto do arianismo e depôs o imperador Rômulo Augusto. A
partir daí, conquistadores de todos os tipos se instalaram, depredaram,
destruíram e repartiram aquele Império, tido como o centro do mundo. Roma, que
era sua capital, sobreviveu. Nesse melancólico final, a única autoridade moral
restante, a que ficou do lado do povo e acolheu, socorreu, escondeu e ajudou a
enfrentar o terror, foi a do Papa Simplício. Ele fazia parte do clero romano e
foi eleito para suceder o Papa Hilário. Tinha larga experiência no serviço
pastoral e social da Igreja e uma vantagem: ter convivido com o Papa Leão
Magno, depois proclamado santo e doutor da Igreja, que deteve a invasão de
Átila, o rei dos bárbaros hunos. Ao Papa Simplício, nunca faltou coragem, fé e
energia, virtudes fundamentais para o exercício da função. Ele soube manter
vivamente ativas as grandes basílicas de São Pedro, São Paulo Fora dos Muros e
São Lorenço, que a partir do seu pontificado passaram a acolher os católicos em
peregrinação aos túmulos dos Santos Apóstolos. Depois construiu e fundou muitas
igrejas novas, sendo as mais famosas aquelas dedicadas a São Estevão Rotondo e
a Santa Bibiana. Trabalhou para a expansão das dioceses e reafirmou o respeito
à genuína fé em Cristo e à Igreja de Roma. Os escritos antigos registram suas
várias cartas à bispos, orientando sobre a forma de enfrentar o nestorianismo e
o monofisitismo, duas heresias orientais que na época ameaçavam a integridade
da doutrina católica e vinham se espalhando por todo o mundo cristão. Mas o
Papa Simplício se manteve ativo ao lado do povo, ensinando, pregando, dando
exemplo de evangelizador, apesar dessas e outras dificuldades. Além disso mostrou
respeito a todo tipo de expressão da arte; foi ele que ordenou para serem
colocados à salvo da destruição dos bárbaros os mosaicos considerados pagãos,
da igreja de Santo André. Morreu, amado pelo povo e respeitado até pelos reis
hereges, no dia 10 de março de 483. Suas relíquias são veneradas na sua cidade
natal, Tivoli, Itália. Foi assim que Roma, graças à atuação do Papa Simplício,
apesar de assolada por hereges de todas as crenças e origens, deixou de ser a
Roma dos Césares passando a ser a Roma dos Papas e da Santa Sé. A sua
comemoração litúrgica ocorre no dia 02 de março.
Henrique Suso
Nascido na ilha de Constança, na Alemanha, no dia 21 de março
de 1295, foi um dos principais representantes do movimento religioso, que
floresceu na região do rio Reno, no início do século XIV. Religioso dominicano,
escritor e místico, se tornou um dos teólogos alemães mais conhecidos, pela
característica da singular doçura de sua espiritualidade e pela clareza do
conceito transmitido de que a vida interior é acessível a todas as almas
seguidoras da Paixão de Jesus Cristo. Seu pai era um rico comerciante, não
muito religioso, da nobre dinastia dos Berg, e sua mãe, uma senhora muito pia,
era da tradicional família cristã dos Suese ou Suso, forma latina do nome.
Henrique preferiu manter o sobrenome da mãe. Desde a infância foi educado pelos
dominicanos, demonstrando sua vocação religiosa já nesta época. Aos treze anos,
ingressou como noviço no convento de São Nicolau, desta Ordem, em Constança,
período em que desenvolveu muito, sua espiritualidade. Aos dezesseis anos,
viveu um período de fé incerta, o qual superou através da somatória das
penitências rigorosas com as orações contemplativas. Dois anos depois, coroou
sua completa conversão, marcando com ferro em brasa o nome de Jesus, no lado
esquerdo do peito. Isto ocorreu, após uma experiência mística, na qual, viu um
anjo unindo o seu coração ao do Cristo. A partir de então, seu zelo se traduziu
numa entrega espiritual mais prudente; Deus o fez compreender que a melhor mortificação
consistia em aceitar com resignação as provas enviadas por Ele. No convento
dominicano em Constança, fez os estudos preparatórios, filosóficos e
teológicos. Depois foi enviado para o Colégio Geral de Estrasburgo e finalmente
para a universidade de Colônia, diplomando-se com destaque. Ao invés de uma
carreira brilhante eclesiástica, preferiu retornar para Constança, em 1329,
como professor de Teologia no colégio dos dominicanos. Alí, durante os sete
anos seguintes, escreveu suas obras mais importantes: o Livro da Sabedoria
Eterna e o Livro da Verdade. Narrou com simplicidade e clareza os mistérios da
alma, que desvendava através dos seus colóquios íntimos com Cristo, veiculados
pelas orações silenciosas e experiências contemplativas. Em 1336, Henrique
sentiu que era hora de partir para o apostolado peregrino. Viajou por toda
Alemanha, passando pela Suíça e Países Baixos, tornando-se um incansável
pregador itinerante do nome de Cristo. Durante quatro anos, até 1943 foi o
diretor geral do convento alemão de Turgovia. Depois foi transferido para o de
Ulm, no qual permaneceu até morrer, em 25 de fevereiro de 1366. Ele não foi
sepultado no cemitério comum aos padres dominicanos, mas na cripta da igreja
daquele convento. Até o final de 1531, sobre a sua lápide ardia uma chama
atestando o seu culto. Depois seus restos mortais foram destruídos pelos
protestantes, mas a sua lembrança se manteve e foram muitos os Santos que se
inspiraram no seu exemplo para a busca da espiritualidade eleita. O Papa
Gregório XVI, beatificou Henrique Suso em 1831, determinando a sua festa
litúrgica para o dia 2 de março.
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