Nossa Senhora do Rosário
O Rosário é uma forma de oração muito antiga, usada pelos
cristãos dos primeiros tempos. Desde os monges do oriente, até os beneditinos e
agostinianos, era costume contar as preces com pedrinhas. Aliás, foi um
beneditino, o venerável Santo Beda, a sugerir que elas fossem enfileiradas em
um cordão, para facilitar o transporte e manuseio. A prática da oração do
Rosário, como conhecemos hoje, nasceu no início do século XVII. E se tornou de
grande valia na solução de um problema relevante das novas Ordens de frades
mendicantes, franciscanos e dominicanos, onde a maioria era de analfabetos.
Nessa época, o Papa Inocêncio III decidiu colocar um fim à heresia albigense,
instalada no sul da França. O pontífice enviou para lá dois sacerdotes, Diego
de Aceber e Domingos de Gusmão. Como o primeiro teve morte súbita, a missão
ficou por conta do segundo. Mas a questão foi resolvida com muita eficiência,
pois ele acabou contando com uma forte aliada: a Virgem Maria. Diz a tradição
que em 1207, o então fundador da Ordem dominicana estava na cidade francesa de
Santa Maria de Prouille inaugurando o primeiro convento feminino de sua
congregação. Na capela desse convento, Nossa Senhora apareceu à Domingos de
Gusmão e lhe ensinou a oração do Rosário, para ser difundida como arma da fé
contra todos os inimigos do cristianismo e também, para a salvação dos fieis. A
partir daí a Ordem Dominicana se tornou a guardiã do Rosário, cujos
missionários iniciaram a propagação do culto em todo o mundo. Outra intercessão
de Nossa Senhora sob a força da oração do Rosário se deu no século XVI, quando
os turcos muçulmanos pretendiam dominar a Europa. O Papa Pio V convocou as
nações católicas a unirem suas tropas e seguirem para Veneza, que há três anos
lutava sozinha, impedindo o avanço do exército turco. E pediu para toda
comunidade cristã rezar o Santo Rosário pedindo ajuda à Virgem Maria, nesse
momento tão decisivo. No dia 07 de outubro de 1571, as tropas cristãs se uniram
e houve a famosa batalha naval de Lepanto, nas águas da Grécia, sob domínio
turco. Num combate de três horas, os cristãos venceram os muçulmanos, colocando
um ponto final na ameaça turca à Europa pelo mar. No ano seguinte, o mesmo Papa
Pio V, instituiu a festa à "Nossa Senhora da Vitória", para celebrar
o Rosário e recordar o êxito obtido na batalha de Lepanto por intercessão de
Maria Santíssima. A celebração ocorria em toda a cristandade, mas em datas
diferente. Em 1913, o Papa Pio X fixou a data da celebração, em 07 de outubro,
para toda a Igreja. A partir de 1960, com a reforma do calendário litúrgico, o
Papa João XXIII proclamou o novo título mariano para essa festa: Nossa Senhora
do Rosário, e dedicou o mês de outubro ao Santo Rosário e às missões
apostólicas. O culto chegou às Américas através dos missionários dominicanos,
vindos com as expedições colonizadoras, nas primeiras décadas do século XVI.
Santa Osita
Era o século VII. Osita nascia na Casa dos Essex, nobreza
inglesa. Seu pai era o rei Fredevardo, cristão, piedoso e muito caridoso. A
menina foi educada na tenra idade pelos pais dentro dos rigores da nobreza e no
seguimento de Cristo. Mas depois eles a entregaram aos cuidados das irmãs
beneditinas, que cuidaram tanto da formação espiritual como intelectual.
Posteriormente, o rei a chamou de volta para a vida da Corte, mundana e
frívola, mas necessária. Costume na época, os casamentos eram arranjados em
acordos entre as casas reais, para fortalecer o poder e até mesmo para poder
mantê-lo. Tal era o destino da bela e jovem princesa Osita. Obedecendo às
regras sociais e políticas da época, deveria casar-se, com o filho do líder dos
saxões, o príncipe Sigero, ele também muito piedoso e casto. Apesar de obrigada
a obedecer, ela lutou muito para tentar manter sua virgindade consagrada
somente a Cristo, como havia feito em votos particulares, com autorização do
seu confessor. Mas a pressão familiar foi maior e ela teve de cumprir aquele
contrato entre poderes, títulos e fortunas. Mesmo assim, não perdeu a fé.
Durante a solenidade do pomposo casamento real, Osita rezou para que um milagre
acontecesse. E conta a tradição que ela foi ouvida, pois o marido atendeu seu
pedido e mantiveram-se casados como irmãos. Entretanto, na primeira viagem feita
pelo marido, que o obrigou a ausentar-se por algum tempo do castelo, Osita o
surpreendeu no seu retorno. Ela havia cortado seus belos cabelos, trocado suas
roupas por um hábito beneditino e feito do palácio um convento. Sigero, embora
surpreso, permitiu que ela continuasse reclusa e mandou construir um novo
convento para ela, do qual se tornou abadessa, sendo muito procurado por jovens
da nobreza que desejavam ser suas seguidoras. Osita, porém, não teve sossego.
Anos depois, quando piratas dinamarqueses invadiram e saquearam a Inglaterra,
Sigero foi morto e o seu convento não foi poupado. O líder dos invasores
encantou-se com a sua beleza e, quando soube que ela era uma princesa, insistiu
para Osita entregar-se a ele. Depois de seguidas recusas, friamente ele mesmo
atravessou seu peito com a espada. Nos anos seguintes, o túmulo de Osita foi
lugar de uma intensa peregrinação, pois milagres aconteciam e foram
comprovados. Assim, a Igreja autorizou o seu culto e manteve a data da
tradicional celebração em 7 de outubro.
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