São João Leonardo
Leonardo nasceu na Toscana, em 1541. Levou uma vida normal de
leigo, trabalhando no ramo farmacêutico com o pai até os vinte e seis anos de
idade, quando este morreu. Tendo participado do trabalho junto aos pobres com
os padres colombinos, decidiu entregar sua vida ao seguimento de Cristo. Mesmo
sabendo das dificuldades por ser adulto, Leonardo não se intimidou. Enfrentou
os estudos desde o começo, do princípio mais elementar. Juntou-se aos meninos
para aprender o latim e, em seguida, aplicou-se no estudo de filosofia e de
teologia. Quatro anos depois, foi ordenado sacerdote. Dedicando-se à catequese
das crianças, implantou, junto com alguns religiosos, uma educação totalmente
voltada para os princípios cristãos, nascendo, em 1574, a Congregação da
Doutrina Cristã, hoje Clérigos Regulares da Mãe de Deus, também conhecidos como
padres leonardinos. Em 1584, resolveu fazer uma peregrinação à França, ao
Santuário de Nossa Senhora de Loreto. Leonardo, que tinha conquistado a
confiança do papa Clemente VIII, foi enviado por este para realizar diversas
missões em seu nome, restaurando a disciplina religiosa em várias ordens,
conventos e congregações. Era um tempo de decadência de costumes e seu trabalho
entusiasmado e atraente trouxe de volta os velhos princípios do verdadeiro
cristianismo que se haviam perdido no dia-a-dia de muitos integrantes da
Igreja. Preocupado em assegurar um futuro de fé às crianças pagãs, fundou, em
parceria com João Batista Vives, um colégio para jovens sacerdotes que se
espalhariam pelo mundo como missionários, pregando o catolicismo entre os
infiéis e cuidando das vítimas das epidemias. Portanto João Leonardo foi o
precursor do Colégio Urbano dos Missionários da Propaganda Fidei, ou Obra da
Propaganda da Fé, fundado em 1627, em Roma, atuante até nossos dias,
principalmente na esfera da Santa Sé. E também dos Missionários Exteriores de
Paris, fundado em 1663. Influenciado pelo Concilio de Trento, ao lado de grandes
religiosos da época, como os depois santos Filipe Neri, José Calazanz e Camilo
de Lellis, João Leonardo travou uma grande luta pela reforma eclesiástica da
Itália, o que o fez tornar-se, também, um dos grandes do seu tempo. Radicado em
Roma, ele morreu no dia 8 de outubro de 1609. Seu corpo se encontra na cripta
da igreja Santa Maria, em Campiteli. Beatificado em 1861, o papa Pio XI
declarou santo João Leonardo em 1938, cuja festa litúrgica ocorre no dia de sua
morte.
São Dionísio, ou Dênis
O santo Dionísio, popularmente conhecido como o são Dênis de
Paris, que é comemorado neste dia, foi durante muito tempo venerado como único
padroeiro de França, até surgir santa Joana d'Arc para dividir com ele a grande
devoção cristã do povo daquele país. De origem italiana, ele era um jovem
missionário enviado pelo papa Fabiano para evangelizar a antiga Gália do norte
no ano 250, portanto no século III. Formou, então, a primeira comunidade
católica em Lutécia, atual Paris, sendo eleito o seu primeiro bispo. Alguns
anos depois, teria sofrido o martírio, sendo decapitado no local hoje conhecido
como Montmartre, isto é, "Colina do Mártir". Ao lado do bispo Dênis,
o sacerdote Rústico e o diácono Eleutério, seus companheiros, também
testemunharam sua fé cristã. Sobre o seu túmulo em Montmartre, mais tarde, foi
edificada uma basílica, junto à qual, no ano 630, o rei Dagoberto fundou uma
abadia. Até esses monges acabaram sofrendo com o efeito de uma enorme confusão
que se fez entre este mártir e outros dois Dionísios: o Areopagita, discípulo
de são Paulo, e o célebre escritor de Alexandria. Mas esses religiosos foram
citados indevidamente. A estranha e rebuscada confusão que se fez em torno da
figura do santo bispo Dênis envolvia nitidamente essas três figuras distintas, que
viveram em épocas diferentes, mas que foram unidas num único personagem, o
santo celebrado hoje. Contava-se que o mártir original, ou seja, o bispo Dênis
de Paris, foi enviado à Gália francesa pelo papa são Clemente I no fim do
século I. Por isso ele começou a ser identificado com a figura de Dionísio
Areopagita, discípulo do apóstolo Paulo, comemorado no dia 3 de outubro. Por
isso, também, passou a ser confundido com um homônimo da Alexandria, autor de
uma famosa coletânea de escritos místicos, que desde o século V vinha sendo
erroneamente atribuída ao discípulo Areopagita. Não bastasse toda essa
confusão, são Dionísio, ou Dênis, segue sendo aclamado pela mais antiga
tradição cristã francesa, que o venera como um mártir cefalóforo, ou seja,
carregador de cabeça. E assim ele chegou aos nossos dias sendo o bispo mártir
que havia carregado a própria cabeça decepada até o local onde deveria ser
enterrado. No caso, a Abadia de Saint-Denis, em Paris, local onde,
tradicionalmente, todos os reis da França foram enterrados.
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