Nossa Senhora Aparecida
Não bastasse ser um dos maiores países católicos do planeta,
o Brasil tem também um dos maiores centros de peregrinação mariana da
cristandade do mundo. Trata-se, é claro, do Santuário de Nossa Senhora
Aparecida, em Aparecida, São Paulo. A cidade foi batizada com o nome da
Senhora, "aparecida" das águas, mas o Brasil inteiro também recebeu
sua bênção desde o nascimento, graças aos descobridores e colonizadores que a
tinham como advogada junto a Deus nas desventuras das expedições. A fé na
Virgem Maria cresceu com os séculos e a confiança não esmoreceu, só se
fortaleceu. Em 1717, quando da visita do governador a Guaratinguetá, foi
ordenado aos pescadores que recolhessem do rio Paraíba a maior quantidade
possível de peixes, para que toda a comitiva pudesse ser alimentada e festejada
com uma grande recepção. Todos se lançaram às águas com suas redes. Três deles,
Domingos Garcia, João Alves e Filipe Pedroso, partiram juntos com suas canoas e
juntos também lançaram as redes por horas e horas, sem pegar um único peixe. De
repente, na rede de João Alves apareceu o corpo da imagem de uma santa. Outra
vez lançada a rede, e a cabeça da imagem vem também para bordo. A partir daí,
os três pescaram tanto que quase afundaram por causa da quantidade de peixes. A
pesca, milagrosa, eles atribuíram à imagem da santa. Ao regressarem foram para
a casa de Filipe Pedroso e, ao limparem a imagem com cuidado, viram que se
tratava de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, de cor escura. Então,
cobriram-na com um manto e a colocaram num pequeno altar dentro de casa, onde
passaram a fazer suas orações diárias. A novidade se espalhou e todos da
vizinhança acorriam para rezar diante dela. Invocada pelos devotos como
"Aparecida" das águas, durante quinze anos seguidos, a imagem ficou
na casa da família daquele pescador. A devoção foi crescendo no meio do povo e
muitas graças foram alcançadas por todos aqueles que rezavam diante da imagem.
Eram tantos os devotos que acorriam ao local que, em 1732, a família de Filipe
construiu o primeiro oratório. Mas a fama dos prodigiosos poderes de Nossa
Senhora Aparecida foi se espalhando até atingir todos os recantos do Brasil.
Assim, foi necessário, então, construir uma pequena capela, em seguida uma
sucessão de outras capelas cada vez maiores. Até que o local se tornou a cidade
de hoje. Em 1888, houve a bênção do primeiro templo, que existe até hoje,
conhecido como "Basílica Velha". A primeira grande peregrinação de
católicos "de fora", oficial e historicamente registrada, aconteceu
em 1900. Eram mil e duzentos peregrinos viajando de trem desde São Paulo,
liderados por seu bispo. Atualmente, são milhões de peregrinos vindos,
diariamente, de todos os estados do país e de várias outras nações católicas,
especialmente das Américas. A atual Catedral-Basílica de Nossa Senhora
Aparecida, conhecida como "Basílica Nova", foi consagrada
pessoalmente pelo papa João Paulo II, em 1980, quando de sua primeira visita ao
Brasil. Quanto ao amor do nosso povo por Maria, em 1904 a imagem foi coroada,
simbolizando a elevação da Senhora como eterna "Rainha do Brasil",
com todo o apoio popular. A coroa foi oferecida pela princesa Isabel. Foi
também por aclamação popular e a pedido dos bispos brasileiros que, em 1930, o
papa Pio XI proclamou solenemente Nossa Senhora Aparecida a "padroeira
oficial do Brasil". O dia de sua festa, 12 de outubro, desde 1988 é
feriado nacional.
São Serafim de Montegranaro
Batizado com o nome de Félix, nasceu em 1540, em
Montegranaro, na região das Marcas, na Itália. De família numerosa e muito
pobre, era o quarto filho de Jerônimo Rapagnano e Teodora Giovannuzzi, cristãos
fervorosos. Desde a infância teve de buscar o seu sustento. Trabalhou como
serviçal nas casas de camponeses e aprendeu a pastorear rebanhos, exercendo
essa função até os dezoito anos. Era analfabeto e aprendeu, contemplando a
natureza e na sua solidão, a elevar o espírito para Deus. Nessa idade,
ingressou no Convento dos capuchinhos de Tolentino como irmão leigo e recebeu o
nome de frei Serafim de Montegranaro, fazendo o noviciado em Jesi. Percorreu
quase todos os conventos da região porque, devido à sua falta de instrução,
apesar da sua boa vontade e dedicação, não conseguia cumprir satisfatoriamente
as tarefas que lhe confiavam os superiores e os frades da comunidade. Mas
sempre lhe eram poupadas as repreensões e os castigos, por causa de sua
extraordinária bondade, pobreza, humildade, pureza e mortificação. Exerceu as
mais simples funções, de porteiro e esmoleiro, sempre em contato com os mais
diversos grupos de pessoas, para as quais sempre distribuia palavras piedosas,
conduzindo os fieis à misericórdia de Deus. A exemplo do santo fundador da
Ordem, são Francisco de Assis, amou a natureza e através dela seu coração era
conduzido a Deus. Em 1590, finalmente, estabeleceu-se no Convento de Ascoli
Piceno. Os habitantes da cidade afeiçoaram-se tanto ao singelo frade Serafim
que, em 1602, quando souberam que seria transferido, as autoridades escreveram
aos superiores capuchinhos e impediram a sua partida. E não foi só nessa
ocasião, nas outras tentativas também. Assim, o querido e respeitado frade
Serafim permaneceu em Ascoli Piceno até morrer. Era um verdadeiro mensageiro da
paz e do amor de Cristo, sua palavra ou a sua simples presença exercia uma ação
enorme em todas as pessoas: acalmava os ânimos, extinguia ódios. Viveu em
oração, humildade, penitência e trabalho. Deus encarregou-se de o ajudar,
suprindo-o, nas suas capacidades, com os dons da cura, de penetrar os corações,
de confortar as almas de um modo especial. Enquanto Serafim se manteve sempre
na fidelidade do amor a Deus, estudando como ninguém os seus dois livros: o
crucifixo e o terço de Maria. Aos sessenta e quatro anos de idade, morreu no
dia 12 de outubro de 1604. A voz do povo começou a difundir a fama de sua
santidade por toda a Itália e logo atingiu todos os locais onde os capuchinhos
se fixaram. O papa Paulo V autorizou, pessoalmente, que se acendesse uma
lâmpada junto da sua sepultura, em 1605. Foi canonizado pelo papa Clemente XIII
em 1767. A festa de são Serafim de Montegranaro ocorre na data de sua morte.
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