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Santo Alexandre Sauli |
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João XXIII
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A família Sauli fazia parte da nobre Corte de Gênova, muito
ligada à Igreja. Nela, havia inúmeras figuras de destaque e influência na
política, ricas e poderosas, tendo tradição de senadores e administradores para
aquela costa marítima tão importante da Itália. No seio deles nasceu Alexandre,
no dia 15 de fevereiro de 1534, em Milão. No batizado, sua mãe o consagrou à
Virgem Maria. Desde a tenra idade queria seguir a vida religiosa. E na
adolescência ele dispensou uma brilhante carreira na Corte do rei Carlos V,
conhecido como o senhor da Europa e da América, para seguir sua vocação. Aos
dezessete anos de idade, entrou no Colégio do Clero Regular de São Paulo, da
igreja milanesa de São Barnabé, tradicionalmente freqüentada por sua família.
Lá, entregou-se por completo à obediência das regras da vida comum com severas
tarefas religiosas. Abandonou tudo o que possuía, tornando-se um verdadeiro
seguidor de Cristo. Ordenado sacerdote, Alexandre Sauli exerceu o ministério
como professor de noviços e formador de padres barnabitas. Depois, foi nomeado
pelo arcebispo de Milão, Carlos Borromeo, agora santo, teólogo e decano da
Faculdade Teológica de Pávia. Em 1565, aos trinta e um anos de idade, foi
eleito superior-geral da Ordem, empenhando-se para manter vivo o espírito
original do fundador. Considerado por seu dom de conselho, tornou-se o
confessor do próprio são Carlos Borromeo, e orientador espiritual de muitas
pessoas ilustres do seu tempo, tanto religiosos como leigos. Em 1567, foi
nomeado bispo de Aléria, na ilha de Córsega, França. Recebeu, entretanto, uma
diocese decadente e abandonada, sem clero capacitado, sem locais de culto
decente, com um rebanho perdido nas trevas da ignorância e da superstição.
Trabalhou duro durante vinte e um anos. Conseguiu reformar o clero, sendo o
professor e o exemplo da vida cristã para todas as classes sociais, eliminando
divergências e ódios entre as várias famílias dominantes. Transformou a diocese
num modelo de devoção apostólica e de organização, sendo estimado e amado por
todos, ricos e pobres. Mas Alexandre teve de deixar a Córsega quando foi
nomeado bispo de Pávia pelo papa Gregório XIV, de quem fora diretor espiritual
e confessor. Na época, Alexandre não tinha boas condições físicas devido ao seu
incansável trabalho e à vida dura de privações, penitências e mortificações a
que ele sempre se submetera. Mesmo assim, iniciou a visita pastoral de sua nova
diocese, sem nem sequer pensar em abandonar a cruz de sua missão. No dia 11 de
outubro de 1592, ele estava em visita na cidade de Calosso d'Asti. Era um doce
entardecer de outono. Estando na rica propriedade do senhor do local, aceitou
sua oferta de hospitalidade. Mas não ficou em nenhum dos luxuosos salões,
preferiu estar entre os trabalhadores que se acomodavam nas estrebarias dos
animais, onde adormeceu e não mais acordou. Seu corpo foi transferido e
sepultado na Catedral de Pávia, Itália. Em 1904, o papa Pio X o canonizou como
santo Alexandre Sauli, "Apóstolo da Córsega". Venerado como padroeiro
da ilha de Córsega, sua festa litúrgica, que ocorre no dia de sua morte,
mantém-se muito viva e vigorosa.
João XXIII
Ângelo Giuseppe Roncalli nasceu em 25 de novembro de 1881, na
pequena cidade de Soto il Monte, em Bergamo, Itália, quarto filho de uma
família de camponeses pobres. O ambiente religioso da família e a fervorosa
atividade paroquial foram a sua primeira escola de vida cristã, marcando a sua
feição espiritual. O menino Angelino, como era carinhosamente chamado, era
muito ativo, bondoso e inteligente. Terminou os estudos num lampejo, tanto que
no seminário era o mais jovem da classe. Aos quinze anos de idade, foi admitido
na Ordem Franciscana Secular, professando as regras no ano seguinte. E aos dezenove
anos já havia completado os cursos, mas pelas leis eclesiásticas não poderia
ser ordenado sacerdote antes dos vinte e quatro anos de idade. Assim, foi
enviado para Roma como bolsista da diocese de Bergamo, para formar-se no
Pontifício Seminário Gregoriano. Também nesse tempo, prestou um ano de serviço
militar. Recebeu a ordenação sacerdotal em 1904, em Roma, e no ano seguinte foi
nomeado secretário do novo bispo de Bergamo, trabalhando também no seminário
como professor. Além disso, foi assistente da Ação Católica Feminina,
colaborador no diário católico de Bergamo e pregador muito solicitado pela sua
eloqüência elegante, profunda e eficaz. Em 1915, quando estourou a Primeira
Guerra Mundial, serviu a Itália como soldado integrante do corpo de saúde e,
depois, como capelão militar. No fim da guerra, abriu a "Casa do
Estudante" e trabalhou na pastoral dos jovens estudantes. Quando o papa
Bento XV o chamou a Roma em 1921, teve início a segunda parte da sua vida,
dedicada ao serviço da Santa Igreja. Lá, exerceu a presidência nacional do
Conselho das Obras Pontifícias para a Propagação da Fé, como tal percorreu
muitas dioceses da Itália organizando círculos missionários. Foi o papa Pio XI
que o iniciou na carreira diplomática em 1925, na função de visitador
apostólico da Bulgária, e o elevou à dignidade episcopal. No mesmo ano foi
nomeado delegado apostólico na Turquia e Grécia, onde ficou até 1935. O
trabalho intenso de Roncalli a serviço dos católicos romanos ganhava cada vez
mais destaque pelo tom do diálogo e pelo trato respeitoso para com os cristãos
ortodoxos e os muçulmanos. Quando irrompeu a Segunda Guerra Mundial, ele estava
na Grécia, onde procurou dar notícias sobre os prisioneiros de guerra e salvou
muitos judeus com a "permissão de trânsito", fornecida pela delegação
apostólica. Já nos últimos meses da guerra, em 1944, foi, como núncio
apostólico, para Paris. Uma vez restabelecida a paz, ajudou os prisioneiros de
guerra e trabalhou para normalizar a vida eclesial na França. Consagrado
cardeal em 1953, foi designado patriarca de Veneza. No conclave de 1958, foi
eleito papa, tomando o nome de João XXIII, aos setenta e sete anos de idade. O
seu pontificado durou menos de cinco anos e tornou-se muito apreciado,
sobretudo, porque lançou as encíclicas "Pacem in Terris" e
"Mater et magistra". Também, convocou o sínodo romano, instituiu uma
comissão para a revisão do Código de Direito Canônico e convocou o Concílio
Ecumênico Vaticano II em 11 de outubro de 1962. Este papa exalava odor de santidade,
sendo assim reconhecido pelo seu rebanho, que o chamava apenas de "papa
bom". Foi irradiando a paz, própria de quem confia sempre na Providência
Divina, que ele morreu no dia 3 de junho de 1963, em Roma. No Jubileu do ano
2000, o papa João XXIII foi beatificado pelo sumo pontífice João Paulo II, cuja
celebração foi marcada para ocorrer no dia 11 de outubro, dada a importância do
Concílio iniciado por ele nesta data.
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