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Os sete fundadores da Ordem dos Servitas
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Santo Aleixo Falconieri
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Na Europa dos séculos XII e XIII houve uma grande ruptura dos
valores cristãos, tanto por parte da sociedade civil e dos religiosos. Com isso
surgiram várias confrarias de penitências onde os leigos buscavam viver a
plenitude do evangelho, em oposição à ganância, luxo, prazeres fúteis e o gosto
pelo poder que imperava. Algumas ordens são bem conhecidas, mas uma estendeu
suas raízes por quase todo o mundo, foi a "Ordem dos Servidores de Nossa
Senhora", ou Servitas. Conta a tradição que, no dia 15 de agosto de 1233
os sete jovens estavam reunidos para as orações, onde também cantavam
"laudas" de poemas religiosos dedicados à Virgem Maria e a imagem da
Santa se mexeu. Mais tarde, quando atravessavam a ponte para voltar para casa,
Nossa Senhora apareceu vestida de luto e chorando. Falou que a causa de sua
tristeza era a guerra civil que ocorria em Florença, há dezoito anos. Naquele momento,
os setes nobres, abandonaram os bens e as famílias, e se dedicaram às orações e
à assistência aos pobres, para "vivenciar o compromisso cristão da
pobreza, humildade e caridade". Eram eles: Bonfiglio Monardi, Bonaiuto
Manetti, Amadio de Amadei, Ugoccio de Ugoccioni, Sostenio de Sosteni, Maneto
d'Antela e Aleixo Falconieri. O bispo de Florença que era monge e nutria pelo
grupo grande estima, soube do projeto que tinham de fundar uma comunidade
religiosa de vida eremita. Resolveu ajudar doando o seu terreno de monte
Senário, que ficava a dezoito quilômetros da cidade. Alí os sete irmãos
fundaram a Companhia de Nossa Senhora das Dores e passaram a se vestir de
preto, em homenagem à Virgem de luto. Viviam reclusos em êxtases de orações e
se mantendo em constante vigília penitente. Uma vez por semana iam rezar para
Nossa Senhora numa pequena capela, que existia na estrada de Cafagio, próxima
da cidade. O grupo as vezes era visto mendigando pelas ruas para conseguir
ajuda para os pobres, doentes e sem recursos. Certo dia, quando distribuíam
alimentos aos pobres, um menino passou e perguntou: "Vocês são os
servidores de Maria?". Perceberam que era mais um sinal de Nossa Senhora.
Fundaram uma ordem religiosa mariana , sob as Regras de Santo Agostinho e
mudaram o nome para "Servidores de Maria". A ordem recebeu apoio
tanto das autoridades religiosas quanto sociais. Mais tarde, a capelinha
inicial usada pelos sete fundadores foi transformada num santuário dedicado a
Nossa Senhora das Dores, um dos mais visitados templos marianos do mundo. Com
exceção de Aleixo, todos os outros fundadores foram ordenados padres. A atuação
da Ordem dos Servitas produziu frutos em muitos países, inclusive no Brasil,
principalmente em São Paulo, Santa Catarina e Acre onde foram construídos
vários conventos. Ainda há uma missão dela em Rio Branco, no Acre. Os
"Sete Fundadores" foram canonizados pelo papa Leão XIII, em 1888 e
são celebrados juntos no dia 17 de fevereiro, dia da morte do último fundador:
Aleixo Falconieri. Ele que na sua humildade se recusou a tomar o hábito de
padre, por se considerar indigno de ser representante de Cristo.
Santo Aleixo Falconieri
Aleixo nasceu em 1200 na cidade de Florença, Itália. Era
filho de Bernardo Falconieri, um príncipe mercante florentino, e um dos líderes
daquela república. A cidade vivia em luta. Brigavam pelo poder duas famílias
poderosas: os Guelfi e os Ghibelini. A família Falconieri pertencia ao partido
dominante dos Guelfi. Nesta época, Aleixo era um jovem comerciante influente,
nobre, rico, inteligente e alegre, que resolveu crescer acima deste mundo
material. Ele tinha uma conduta cristã exemplar, era muito piedoso e devoto da
Virgem Maria. Junto com seis amigos, ligados por uma estreita amizade fraterna,
formaram um grupo que se encontrava para rezar e cantar "laudas" para
Maria. No dia 15 de agosto de 1233, os sete: Bonfiglio, Bonaiuto, Amadio,
Ugocio, Sostenio, Manejo e Aleixo, estavam reunidos rezando diante da imagem da
Virgem quando ela se mexeu. Depois, na volta para casa Nossa Senhora apareceu
vestida de luto chorando e, disse que a causa de sua tristeza era a longa
guerra civil daquela cidade. Decidiram abandoar tudo e fundaram a "Ordem
dos Servidores de Nossa Senhora", ou Servitas, em monte Senário, perto da
cidade. Vestiram-se de preto em reverência à Virgem de luto e adotaram a Regra
de Santo Agostinho. A ordem foi aceita pelo Vaticano e os fundadores foram
consagrados sacerdotes, menos Aleixo que se recusou a vestir o hábito. Aleixo
possuía uma humildade infinita. Na gruta em que vivia no monte Senário, tinha
momentos de profunda comunhão espiritual com a Virgem Maria e seu Filho
Redentor. Saia do seu retiro apenas para pedir e mendigar a caridade para os
necessitados e para rezar na pequena capela de Nossa Senhora situada na beira
da estrada. Sua vida foi austera e sincera de eremita penitente. As roupas eram
as mais pobres, o leito era de tábuas ásperas e sem cobertores. Comia
pouquíssimo, permanecendo em constante oração. Assim era o sincero e humilde
irmão Aleixo, que mesmo vivendo mais de cem anos, nunca se sentiu digno o
suficiente para representar o Pai Eterno através da ordenação sacerdotal.
Aleixo era responsável pelo setor financeiro e administrativo das várias casas
da ordem que surgiram na Itália, tendo vivido em todas elas. Em 1252, a igreja
nova em Cafagio, nos arredores de Florença, foi terminada sob seu cuidado, e
totalmente financiada pelas famílias dos Guelfi e os Ghibelini. Ele transformou
aquela pequena igreja em que ia rezar à beira da estrada, numa grande igreja dedicada
a Nossa Senhora das Dores, dando origem ao seu culto que se propagou entre os
cristãos do mundo inteiro. Foi diretor espiritual de muitos vultos do clero,
que se tornaram santos, como sua sobrinha: Santa Juliana Falconieri. Em 1304,
quando a Santa Sé aprovou oficialmente a "Ordem dos Servidores de
Maria" apenas Aleixo ainda estava vivo. A tradição diz que antes de morrer
ele ficou rodeado de anjos e recebeu a visita de Cristo, na figura de menino,
que lhe oferecia uma coroa de ouro. Com cento e dez anos, ele morreu sereno no
dia 17 de fevereiro de 1310 em monte Senário. Ele foi beatificado oito anos
antes que os outros seis fundadores. Em 1888, todos foram canonizados juntos,
para assim serem cultuados no dia da morte de Santo Aleixo Falconieri.
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