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Gertrude Comensoli
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São Flaviano |
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João de Fiesole ou Fra Angélico
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No dia 18 de janeiro de 1847, na cidade de Bienno, ao norte
da Itália nasceu Geltrude Caterina Comensoli, mas sempre foi chamada de
Gertrude. Teve uma infância tranqüila e modesta numa família simples e
religiosa. Com sua mãe e os irmãos freqüentava a missa diariamente. Já, nesta
época, demonstrava uma singular e precoce sensibilidade eucarística, que lhe
permitiu, aos sete anos de idade, receber a sua Primeira Comunhão. Na
adolescência, Gertrude começou a se preparar para a vida religiosa, ingressando
na Companhia de Santa Ângela Merici que cuidava da instrução inicial de suas
inscritas. Mas, aos vinte anos de idade teve de se mudar para outra cidade com
a família, que se encontrava em dificuldades financeiras. Trabalhou como
doméstica durante um ano, depois foi para a cidade de São Gervázio trabalhar
como dama de companhia de uma senhora da nobreza. Nesta época, já era uma jovem
dotada de talentos naturais que se preocupava, de modo particular, com as
necessidades educativas do mundo feminino. Não se sabe quando esta sua
preocupação se concretizou. Na cidade de São Gervázio ela conversava muito
sobre o assunto com o sacerdote da paróquia, padre Spinelli, da diocese de
Bergamo. No ano de 1879, Gertrude tem sua idéia traçada: criar uma família
religiosa de irmãs voltadas para a instrução de meninas, com forte inspiração
eucarística. Com a ajuda financeira do padre Spinelli fundou em 1882, a
Congregação das Irmãs Sacramentinas ingressando definitivamente na vida
religiosa com o nome de Irmã Gertrude. A diocese aprovou tão prontamente esta
iniciativa que de logo depois da primeira casa da Congregação em Bergamo,
autorizou a abertura de outras nas regiões vizinhas. Mas, os problemas
começaram com a situação econômica da diocese do padre Spinelli que não deu o
resultado financeiro esperado e que, uma parte, era transferido para as Casas
de irmã Gertrude. Assim as irmãs ficaram na mais completa ruína. Fecharam as
Casas das Sacramentinas de Bergamo e quase como exiladas, encontram refugio na
diocese de Lodi, numa região italiana mais distante. As irmãs da Congregação só
não se dispersaram porque tiveram como guia Gertrude, que com sua energia
transmitia total confiança na providência de Jesus Eucarístico. Tudo parecia
acabado, quando chegou a notícia do reconhecimento diocesano para a Congregação
das Sacramentinas de Bergamo. Irmã Gertrude e todas as religiosas Sacramentinas
retornam para a primeira Casa da Congregação em Bergamo, onde foram festejadas
e bem acolhidas. No dia 18 de fevereiro de 1903, irmã Gertrude morreu e foi
sepultada na Capela da Casa Mãe da Congregação em Bergamo, tendo deixado
totalmente concluído o regulamento da Congregação das Irmãs Sacramentinas. O
reconhecimento oficial do Vaticano chegou em 1906. O papa João Paulo II
beatificou irmã Gertrude Comensoli no ano de 1989 e escolheu o dia 18 de
fevereiro para sua festa.
São Flaviano
Flaviano pertencia à alta aristocracia romana e era convertido
ao cristianismo. Na época do Imperador Constantino, foi eleito governador de
Roma, dadas a sua grande inteligência e boa moral. Quando, porém, o imperador
morreu e em seu lugar assumiu seu filho Constâncio, este deu início à
perseguição dos cristãos e, logo, Flaviano foi destituído de seu cargo. Ele,
porém, não se intimidou e passou a dedicar seus dias a confortar e estimular os
cristãos. Morto Constâncio, assumiu Julião, que deu continuidade à perseguição,
empreendendo-a ainda com mais ênfase. Flaviano que já era um sacerdote cristão
se destacava muito pela prática radical do Evangelho e por sua defesa contra os
hereges. Assim, em 446 foi eleito patriarca de Constantinopla, que na época era
capital do Império Romano, já que o mundo católico se via estremecido por
agitações político-religiosas e sua atuação poderia reverter este processo.
Flaviano assumiu com mão de ferro o posto, mas em seu primeiro ato oficial já
pode ter uma idéia dos conflitos que viriam. Era costume o patriarca, assim que
assumia, mandar um presente simbólico ao imperador. Ele enviou então um pão
bento durante a missa solene, como símbolo de paz e concórdia. O
primeiro-ministro mandou o pão abençoado de volta, dizendo que só aceitaria
presentes em ouro e prata. Flaviano respondeu que o ouro e a prata da Igreja
não pertenciam a ele, mas a Deus e aos pobres, seus legítimos representantes na
Terra. Tanto o imperador quanto o ministro juraram vingança, e as pressões
começaram. Flaviano enfrentou várias dissidências que depois seriam consideradas
heresias em concílios realizados para julgá-las. Entre elas, a mais
significativa foi a que queria tirar de Jesus seu caráter humano. Isso
significaria aceitar que a divindade de Jesus teria assimilado e absorvido sua
humanidade. Flaviano conseguiu o apoio do Papa Leão Magno, em Roma, mas foi
traído pela parte do clero que defendia a tese. Nenhuma das decisões
conciliares foi aprovada pelo papa, a não ser o chamado Tomo a Flaviano, carta
enviada pelo papa São Leão Magno ao presidente do concílio, condenando as
heresias de Nestório e de Eutiques. Flaviano foi praticamente assassinado
durante a assembléia ecumênica que, por isso é chamada o conciliábulo de Éfeso
Isto mesmo, maus religiosos se uniram aos políticos e os inimigos conseguiram
sua deposição do cargo. O bispo Flaviano foi preso e ali mesmo torturado tão
cruelmente que ele não agüentou e, logo depois, veio a falecer vítima delas, no
dia 18 de fevereiro de 449. Dois anos depois o Papa Leão Magno, que também é
venerado pela Igreja, convocou um concílio, onde a verdade foi restabelecida.
Aceitavam-se as duas naturezas de Jesus, a divina e a humana e os contrários
foram declarados hereges. No mesmo concílio a figura do bispo Flaviano foi
reabilitada e ele declarado mártir pela ortodoxia da fé cristã. O culto à São
Flaviano se mantém vivo e vigoroso ainda hoje e sua festa litúrgica ocorre no
dia de sua morte.
João de Fiesole ou Fra Angélico
Guido de Pietro, nasceu em 1387, na cidade de Mugelo, na
Toscana, Itália. Até o final da juventude foi pintor de quadros na cidade de
Florença, quando se decidiu pela vocação religiosa. Em 1417, ingressou na
congregação de São Nicolau, onde permaneceu por três anos. Depois, junto com
seu irmão Bento, foi para o convento dominicano de Fiesole, no qual se ordenou
sacerdote adotando o nome de João. A ação dos seus dons de santo e de artista,
se desenvolveu de forma esplendida no clima de alta perfeição espiritual e
intelectual, encontrado no convento. Assim pode fazer da pintura a sua
principal obra evangelizadora, ao se tornar um Frade Predicador desta Ordem.
Pela singeleza e genialidade de sua figura passou a ser chamado de "Beato
Angélico" ou "Fra Angélico", nome que ficou impresso inclusive
no mundo das artes. Este frade-pintor foi um dom magnífico feito por Deus para
a Ordem, pois deu também um imenso auxílio financeiro aos co-irmãos, porque,
obedecendo ao voto de pobreza, destinou à Ordem todos os seus ganhos como
artista, que eram tão expressivos quanto a sua genialidade. A santa
austeridade, os estudos profundos, a perene elevação da alma a Deus, mediante
as orações contemplativas, apuraram o seu espírito e lhe abriram horizontes
ocultos. Com este preparo e com seus mágicos pincéis, pode proporcionar a todos
o fruto da própria contemplação, representando o mais sagrado dos poemas, a
divina redenção humana pela Paixão de Jesus Cristo. As suas pinturas são uma
oração que ressoa através dos séculos. Esta alma de uma simplicidade
evangélica, soube viver com o coração no céu, se consagrando num incessante
trabalho. Entre 1425 e1438, viveu retirado, onde retomou o trabalho pintando os
afrescos de quase todos os altares da igreja do convento de Fiesole. Depois foi
a vez do convento de São Marcos, em Florença, onde deixou suas obras impressas
nos corredores, celas, bibliotecas, claustros, ao longo de seis anos. A partir
de 1445 foi para Roma, onde trabalhou para dois papas: Eugênio IV e Nicolau V.
Este último, tentou consagrá-lo bispo de Florença, mas Fra Angélico recusou com
firmeza, indicando outro irmão dominicano. Retornou para o convento de Fiesole,
cinco anos depois, no qual foi eleito o diretor geral. Alí trabalhou com seu
irmão Bento, que nomeou inicialmente como seu secretário e depois conseguiu que
fosse eleito seu sucessor, em 1452. Frei João de Fiesole, voltou para Roma,
onde morreu no dia 18 de fevereiro de 1455. Fra Angélico, que nunca executou
uma obra, sem antes rezar uma oração, foi beatificado pelo papa João Paulo II
em 1982, que indicou sua festa litúrgica para o dia de sua morte. Até porque,
muito antes, a sua sepultura no convento de Santa Maria sobre Minerva se
tornara o local escolhido pelos peregrinos que desejavam cultua-lo, não tanto
devido à sua genialidade artística, que podia ser apreciada nos museus do
mundo, como por seu caráter sincero carregado de profunda santidade. Dois anos
depois, o mesmo pontífice o declarou "Padroeiro Universal dos
Artistas", uma honra pela sua obra evangelizadora que promoveu a arte
sacra através dos séculos.
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