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São Floriano
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São Ciríaco |
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Santa Antonina
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O mais antigo registro sobre Floriano foi encontrado num
documento de doação datado do século VIII, através do qual o presbítero
Reginolfo oferecia para a Igreja algumas propriedades de terras, dentre as
quais, "as do lugar aonde foi enterrado o precioso mártir Floriano".
Floriano viveu na cidade de Mantem, próxima de Kems, Alemanha. Na época,
Diocleciano era o imperador e Aquilino, o comandante do exército romano na
região do Danúbio, atual Áustria, onde existiam numerosas colônias do Império e
vários batalhões de soldados que faziam sua defesa. Floriano era militar em um
desses batalhões. Os legionários romanos cristãos foram muito importantes,
porque levaram a fé de Cristo às regiões mais remotas do Império Romano,
pagando por essa difusão com a própria vida. Famosos e numerosos foram os
mártires que pertenceram a essas legiões, mortos sob a perseguição do imperador
Diocleciano no início do século IV. Entre eles encontramos Floriano e seus
companheiros. Diocleciano foi imperador de grande energia, estadista de rara
habilidade e inteligência, mas se tornou um fanático inimigo da Igreja.
Desencadeou a mais longa e duradoura perseguição contra ela, na intenção de
varrer todos os vestígios do cristianismo. Contava, para isso, com a ajuda de
seu genro Galério, colega nas armas e no domínio do Império. Foi dele o decreto
que proibia qualquer tipo de culto cristão. Exigia que todos os livros
religiosos, começando pela Bíblia Sagrada, fossem queimados e ampliou a
perseguição para dentro do seu próprio exército. Os soldados eram obrigados a
prestar juramento de fidelidade ao imperador e levar oferendas aos ídolos, sob
pena de morte. Muitos militares recusaram obedecer à ordem do imperador e foram
executados. Um deles foi Floriano, acompanhado por mais quarenta companheiros.
Eles se apresentaram ao comandante Aquilino, do acampamento de Lorch, Áustria,
para comunicar que eram cristãos e que não poderiam servir ao exército do
imperador. Por esse motivo foram presos. Durante o processo de julgamento,
nenhum deles renunciou à fé em Cristo. Foram condenados a serem jogados no rio
Ens, com uma pedra amarrada no pescoço. A sentença foi executada no dia 4 de
maio de 304. O corpo de Floriano foi recolhido por uma senhora cristã, que o
sepultou. No século VIII, sua veneração foi oficialmente introduzida na Igreja
pelo Martirológio Romano, que manteve esta data para a festa litúrgica. No
local da sua sepultura construíram um convento beneditino. Mais tarde, passou
para os agostinianos, que difundiram a sua memória e a de seus companheiros. O
seu culto se popularizou rapidamente na Áustria e na Alemanha, onde os fiéis
recorrem a ele pedindo proteção contra as inundações. Por essa sua tradição com
a água, ao longo do tempo são Floriano se tornou o protetor contra os incêndios
e padroeiro dos bombeiros.
São Ciríaco
Segundo um antigo texto da tradição cristã, do século IV, um
hebreu de nome Judas teria ajudado nos trabalhos para encontrar a cruz de
Cristo na cidade de Jerusalém, promovidos pelo bispo e pela rainha Helena, que
era cristã e mãe do então imperador Constantino. Esse hebreu se converteu e se
tornou um sacerdote, tomando o nome de Ciríaco, que em grego significa
"Patrício", nome comum entre os romanos. Mais tarde, após ter
percorrido as estradas da Palestina, ele foi eleito bispo de Jerusalém, e aí
teria sido martirizado, junto com sua mãe, chamada Ana, durante a perseguição
de Juliano, o Apóstata. Essa seria a história de são Ciríaco, que comemoramos
hoje, não fosse a marca profunda deixada por sua presença na cidade italiana de
Ancona, em Nápoles. A explicação para isto encontra-se no Martirológio Romano,
que associou os textos antigos e confirmou sua presença em ambas as cidades. A
conclusão de sua trajetória exata é o que veremos a seguir. Logo que se
converteu, para fugir à hostilidade dos velhos amigos pagãos, Ciríaco teria
abandonado a Palestina para exilar-se na Itália, fixando-se em Ancona. Nessa
cidade ele foi eleito bispo, trabalhando, arduamente, para difundir o
cristianismo, pois o Edito de Milão dava liberdade para a expansão da religião
em todos os domínios do Império. Após uma longa vida episcopal, Ciríaco, já
idoso, fez sua última peregrinação à cidade de Jerusalém, onde fora bispo na
juventude, para rever os lugares santos. E foi nesse momento que ele sofreu o
martírio e morreu em nome de Cristo, por ordem do último perseguidor romano,
Juliano, o Apóstata, entre 361 e 363. Os devotos dizem que suas relíquias
chegaram ao porto de Ancona trazidas pelas ondas do mar. Essa tradição é
celebrada, no dia 4 de maio, na catedral de Ancona, onde são distribuídos maços
de junco benzidos. Na realidade, as relíquias de são Ciríaco retornaram à
cidade durante o governo do imperador Teodósio, entre 379 e 395, graças à sua
filha, Gala Plácida, que interveio favoravelmente junto às autoridades,
conseguindo o que a população de Ancona tanto desejava. A memória desse culto
antiqüíssimo a são Ciríaco pode ser observada pelos monumentos, das mais
remotas épocas, que existem, em toda a cidade, com a imagem do santo. Aliás,
são Ciríaco foi escolhido como o padroeiro de Ancona e a própria catedral, no
século XIV, foi dedicada a ele, mudando até o nome. Essa majestosa igreja, que
domina a cidade do alto das colinas do Guasco, é vista por todos os que chegam
em Ancona por terra ou por mar, mais um tributo à são Ciríaco, por seu exílio e
vida episcopal.
Santa Antonina
Antonina é o feminino do antigo nome latino Antonius,
derivado, provavelmente, do grego Antionos, que significa "nascido
antes". É um dos nomes mais difundidos entre os povos latinos, que ganhou
muitos adeptos entre os cristãos. Mas, antes de Cristo, era muito comum também.
Hoje festejamos a santa mártir Antonina, que morreu em Nicea, na Bitínia, atual
Turquia, no final do século III. No Martirológio Romano, ela foi citada três
vezes: dia 1o de março, 4 de maio e 12 de junho, e cada vez de maneira
diferente, como se fossem três pessoas distintas. Vejamos o porquê. No século
XVI, o cardeal e bibliotecário do Vaticano, César Baronio, unificou os
calendários litúrgicos da Igreja, a pedido do papa Clemente VIII, com os santos
comemorados em datas diferentes no mundo cristão. A Igreja dos primeiros
séculos foi exclusivamente evangelizadora. Para consolidar-se, adaptava a
liturgia e os cultos dos santos aos novos povos convertidos. Muitas vezes, as
tradições se confundiam com os fatos concretos, devido aos diferentes idiomas,
mas assim mesmo os cultos se mantiveram. O trabalho de Baronio foi chamado de
Martirológio Romano, uma espécie de dicionário dos santos da Igreja de Cristo
de todos os tempos. Porém ele, ao lidar com os calendários egípcio, grego e
siríaco, que comemoravam santa Antonina em datas diferentes, não se deu conta
de que as celebrações homenageavam sempre a mesma pessoa. Isso porque o nome
era comum e os martírios, descritos de maneira diversa entre si. O calendário
grego dizia que ela foi decapitada; o egípcio, que foi queimada viva; e o
siríaco, que tinha morrido afogada. Mais tarde, o que deu luz aos fatos foi um
código geronimiano do século V, confirmando que apenas uma mártir tinha
morrido, em Nicea, com este nome. Antonina sofreu o martírio no século IV,
durante o governo do sanguinário imperador Diocleciano, na cidade de Nicea. Ela
foi denunciada como cristã, presa e condenada à morte. Mas antes a torturaram
de muitas maneiras. Com ferros em brasa, queimaram-lhe as mãos e os pés.
Depois, foi amarrada e colocada numa pequena cela com o chão forrado de brasas,
onde ficou por dois dias. Voltando ao tribunal, não renegou sua fé. Foi, então,
fechada dentro de um saco e jogada no fundo de um lago pantanoso na periferia
de Nicea. Era o dia 4 de maio de 306, data que foi mantida para a veneração de
santa Antonina, a mártir de Nicea.
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